Brasília, 17/7/2003 (Agência Brasil - ABr) - São Tomé e Príncipe, um dos países que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá visitar no início de agosto em sua viagem à África, sofreu na madrugada de hoje um golpe militar. De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, a viagem presidencial àquele país será reavaliada.
O governo brasileiro, em nota oficial, condenou a ação e conclamou "os revoltosos a cessar de imediato o movimento, permitindo o pronto restabelecimento do regime constitucional e da ordem democrática". A declaração emitida pelo Itamaraty informou que a pequena comunidade de brasileiros radicados naquele país, sobretudo religiosos e missionários, está bem e que a situação na capital, São Tomé, permanece tranqüila. Outros15 brasileiros funcionários diplomáticos e membros de delegações técnicas da Agência Nacional do Petróleo e do Ministério da Educação encontram-se atualmente no País.
A presidência da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) também divulgou nota condenando o golpe. A CPLO diz que está acompanhando a situação em São Tomé e Príncipe e que irá se empenhar "em contribuir para o pronto restabelecimento da ordem democrática" no arquipélago.
No início de maio passado o ministro das Relações Exteriores, embaixador Celso Amorim, visitou São Tomé, em uma viagem prospectiva à ida de Lula ao continente africano. São Tomé e Príncipe pertence à Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), juntamente com Moçambique, Cabo Verde, Angola e Guiné-Bissau, Brasil, Portugal e Timor Leste.
O governo de Fradique Mendes, eleito 2001, vinha buscando a colaboração brasileira para gestão de um acordo firmado com a Nigéria e o Gabão, que permite a esses países explorar petróleo em suas plataformas marítimas. As expectativas são que o País, considerado um dos mais pobres do mundo, receba 60 mil barris por dia. Devido sobretudo a descoberta do produto, os Estados Unidos têm grande interesse de instalar uma base militar na região. São Tomé, localizado no Golfo da Guiné, tem recebido um fluxo de recursos nunca antes verificado. O país tem sofrido, nos últimos meses, uma série de problemas de segurança, principalmente gerados por facções nacionalistas.
Na capital, São Tomé, Celso Amorim, conheceu as instalações da Embaixada do Brasil, recentemente estabelecida, e que deverá ser inaugurada por Lula, caso a viagem presidencial seja confirmada.
Celso Amorim, nos próximos dias 17 e 18 de julho, irá presidir em Coimbra, Portugal, o VIII Conselho de Ministros da CPLP. A reunião deverá constituir uma oportunidade para exame da situação de São Tomé e Príncipe. A CPLP vem funcionando com crescente eficiência criando grupos informais de trabalho para coordenar posições e discutir temas da agenda internacional pertinentes aos países membros.
Débora Xavier