Brasília, 7/7/2003 (Agência Brasil - ABr) - A partir de agora, a localização estratégica do Brasil na América do Sul passa a ser usada no combate ao tráfico de drogas mundial. A Austrália inaugurou hoje o primeiro Escritório da Polícia Federal Australiana no Brasil, que funcionará na própria embaixada, em Brasília.
Segundo o diretor geral da polícia federal da Austrália, Mick Keelty, a América do Sul é uma das maiores fontes de drogas ilícitas, principalmente cocaína, e a melhor maneira de prevenir o narcotráfico é mantendo escritórios de inteligência.
De acordo com dados da polícia australiana, a Colômbia produz cerca de 85% da cocaína mundial. Aquele país é também o maior produtor de heroína da América Latina. Parte dessa droga passaria por outros países americanos, inclusive o Brasil, em direção à Europa. A Austrália inaugura, na próxima segunda-feira, um posto semelhante em Bogotá, capital da Colômbia.
Quem ficará no escritório brasileiro será Clive Murray. As operações serão feitas junto com a polícia brasileira, por meio de compartilhamento de inteligência, equipamento e treinamento.
Embora a localização brasileira ajude nas investigações, há motivos para preocupação. A grande quantidade de fronteiras faz com que o Brasil seja usado como rota do tráfico. Segundo Mick Keelty, parte da Amazônia, principalmente a que dá acesso ao canal do Panamá e o Oceano Atlântico, é usada no transporte de drogas que vão para a Europa.
Além das drogas, o tráfico de mulheres e crianças também será combatido pelo novo escritório. Clive Murray explica que não há evidências de tráfico de pessoas do Brasil para a Austrália, mas para a Europa. Junto à exploração sexual, os chamados crimes cibernéticos também serão investigados. "A internet faz com que o tráfico se espalhe de maneira muito rápida por todo o mundo", diz Murray.
A lavagem de dinheiro e, conseqüentemente, as fraudes de identidade são outros crimes brasileiros que preocupam as autoridades australianas. Na Colômbia, o terrorismo é também uma das causas da abertura do escritório policial.
No ano passado, em uma operação conjunta da polícia brasileira com a australiana, foram presas nove pessoas e apreendidos 18 kg de cocaína. Durante a década de 90, a Austrália apreendeu 100 quilos de cocaína por ano, vindos da América do Sul. E, nos últimos três anos, três toneladas de cocaína vindas da América do Sul.