Rio, 27/6/2003 (Agência Brasil - ABr) - O alto índice de desemprego nos grandes centros urbanos, aliado aos programas sociais que vêm sendo implementados pelos governos nas regiões carentes, está contribuindo para uma mudança no movimento migratório no país. Em estudo inédito divulgado nesta sexta-feira, com informações a partir do Censo Demográfico 2000, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) constata que a migração está bastante relacionada à baixa escolaridade e que a maioria das pessoas não tem sucesso no movimento e acaba retornando ou preferindo ficar em sua região.
Do total de 5,1 milhões de pessoas que migraram entre 1995 e 2000, 66% não haviam completado o ensino fundamental e, "nesse momento de exigência de qualificação e desemprego, elas não conseguem trabalho", avalia o técnico do IBGE Fernando Albuquerque. Para ele, até a década de 80, a migração brasileira era marcada pela grande saída de nordestinos rumo ao Sudeste, onde se fixavam basicamente em São Paulo e no Rio de Janeiro. Atualmente, conforme explicou, a migração não significa mais a possibilidade de ascensão social.
"A estagnação da economia brasileira nos últimos anos e a falta de qualificação para o trabalho têm ajudado a reduzir a procura dos nordestinos pelo Sudeste e, conseqüentemente, reforçado o movimento de retorno aos estados de origem", acrescentou Fernando Albuquerque.
De acordo com o estudo, São Paulo continua sendo o estado que mais atrai migrantes, mas tem perdido população entre os mais qualificados, apresentando um saldo negativo de quase 11 mil pessoas com 15 anos ou mais de estudo. São Gonçalo, na região metropolitana do Rio de Janeiro, foi o município brasileiro com maior população em deslocamento, seguido de Nova Iguaçu, também no Rio, Osasco, em São Paulo, e a própria capital paulista.
O IBGE também divulgou, nesta sexta-feira, informações sobre deficiência, religião e cor ou raça. As novas publicações temáticas do Censo revelam, por exemplo, que em 2000, nove milhões de pessoas portadoras de deficiência trabalhavam no Brasil, sendo que mais da metade ganhava até dois salários mínimos. Quanto à religião, os novos estudos confirmaram o aumento da religiosidade conforme o avanço da idade e, em relação à cor ou raça, que a população amarela, de origem asiática, tinha a melhor escolaridade, a melhor média de anos de estudo e os melhores rendimentos.