Brasília, 18/6/2003 (Agência Brasil - ABr) - O Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) receberá às 11h uma proposta da Associação Brasileira de Dekasseguis, de cooperação para capacitar os emigrantes brasileiros descendentes que retornam ao Brasil depois de trabalhar no Japão. Hoje a comunidade nipônica no Brasil comemora 95 anos de imigração japonesa.
O Ministério da Justiça do Japão calcula que 265 mil brasileiros vivem lá, a maioria deles empregada em atividades consideradas de baixa remuneração para os padrões locais. Eles remetem anualmente para o Brasil cerca de US$ 2 bilhões. A proposta será entregue ao diretor de Administração e Finanças do Sebrae, Paulo Okamotto.
Trata-se da sugestão de criação do Programa de Apoio do Sebrae ao Dekassegui Empreendedor. Dekasseguis é uma palavra de origem japonesa que significa "trabalhar fora de casa". Antigamente, referia-se aos produtores agrícolas de cidades afastadas, quando aproximado o rigoroso inverno japonês, que seguiam em busca de trabalhos temporários nas fabricas montadoras dos grandes centros japoneses.
Segundo documento formulado pela Associação, "o projeto parte da premissa que a população brasileira que emigra tem fortes características empreendedoras; que a poupança que ela é capaz de levantar tem relevância econômica; que é possível otimizar essa poupança pelo melhoramento da inserção no país de destino; e, finalmente, que os investimentos que ela realiza em seu retorno podem ser mais bem concebidos, geridos e, portanto, gozar de maior índice de
sucesso".
A idéia é que o programa a ser criado forneça orientação ao empreendedorismo e gestão de negócios para os emigrantes no exterior. A comunidade dos dekasseguis seria a experiência-piloto para um projeto que pode ser alargado a outras comunidades.
Também está previsto um estudo, principalmente por meio de reuniões com as principais lideranças das diversas comunidades de dekasseguis, para avaliar as condições sociais e de trabalho vividas pelos dekasseguis brasileiros no Japão e suas expectativas quanto aos seus projetos de criação de negócio no retorno ao Brasil. De maneira semelhante, a pesquisa de campo no Brasil levantará a situação dos dekasseguis frente à realidade brasileira.
Na proposta, a entidade dos dekasseguis reconhece que o Sebrae já tomou a iniciativa de apoiar esse segmento e de outros emigrantes brasileiros com a criação do Reif, sigla em inglês que significa fundo de investimento de retorno do empreendedor. Mas, de preferência, o fundo visa atender empresa de base tecnológica ou com potencial de exportação e em início de atividade
operacional.
