Redução dos juros agrada mercado e desagrada indústrias

18/06/2003 - 21h26

Brasília, (Agência Brasil - ABr) - A redução da taxa básica de juros de 26,5% para 26% ao ano, pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), provocou uma verdadeira racha de opiniões entre o setor financeiro e o industrial. Analistas de mercado não se surpreenderam com o resultado. Alguns, inclusive, já vinham arriscando há dias o novo patamar. Os empresários, no entanto, se mostraram reticentes à eficácia da resolução do Banco Central.

O presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Horácio Lafer Piva, afirmou que a decisão de hoje é um passo importante para futuras quedas, mas está longe de propiciar condições para a retomada do crescimento da economia. O presidente da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), Armando Monteiro, foi além: "a decisão frustra a expectativa do setor produtivo e, mais do que isso, nos coloca diante de um risco concreto de aprofundamento de um quadro recessivo que já está instalado, impondo sacrifícios adicionais absolutamente desnecessários", disse.

O consultor da Tendências, Fernando Monteiro, disse que a redução, apesar de pequena, é um excelente sinal. É o início de um processo de redução da taxa de juros feito com credibilidade, com fundamento". O presidente da Federação do Comércio do Rio de Janeiro (FECOMÉRCIO-RJ) e ex-ministro da Fazenda, Marcílio Marques Moreira, afirmou que a decisão do Copom foi corretíssima. Segundo ele, não se poderia fazer nada mais nesse momento. "O Copom mostrou hoje que a espinha dorsal da inflação está vencida e é preciso iniciar a trajetória declinante, sem perigo de retorno da inércia inflacionária".

Para o economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Rogério Sobreira, as pressões em relação aos juros não foram apenas econômicas, mas políticas também. Ele não segue a mesma linha dos analistas do mercado e do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, que acreditam que os juros serão reduzidos nas próximas reuniões do Copom. "É muito difícil imaginar agora se a queda indica uma tendência clara e explícita do Banco Central em insistir na baixa de juros.

O ex-diretor do Banco Central, Carlos Thadeu de Freitas, condiciona novas quedas a uma mudança na meta de inflação para o final do ano: 8,5%. Para ele, a redução só não foi maior até agora em função de metas ambiciosas na inflação. Segundo o última pesquisa realizada pelo Banco Central, com analistas de mercado, a previsão as altas dos preços cheguem a 11,84%.