Rio, 18/6/2003 (Agência Brasil - ABr) - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) teve prejuízo de R$ 1,059 bilhão no primeiro quadrimestre do ano. A causa principal foi o número de provisões feitas para cobrir a dívida de aproximadamente US$ 1,2 bilhão do grupo americano AES.
Nos primeiros três meses do ano, quando as perdas do BNDES acumularam R$ 370 milhões, o banco aumentou em R$ 930 milhões os gastos totais com provisões. Deste acréscimo, R$ 686 milhões foram referentes aos débitos da AES Elpa, que se tornou inadimplente e passou a ter 100% de sua dívida coberta no balanço.
Segundo o superintendente da área financeira do BNDES, José Roberto Fiorencio, a tendência é de que o prejuízo do BNDES aumente no resultado acumulado do primeiro semestre. Um dos motivos do crescimento será a necessidade de realizar provisões equivalentes a 100% da dívida da AES Transgás, a outra subsidiária da empresa americana que deve ao BNDES. No primeiro trimestre, a provisão para dívida da AES Transgás correspondia a apenas 30% dos débitos da companhia.
No ano passado, o BNDES apresentou lucro líquido de R$ 550 milhões. Mas o banco só não registrou prejuízo devido a duas operações de trocas de ativos com a Cesp e a Celesc. A primeira rendeu ao banco um lucro.sem os tributos de R$ 870 milhões. A segunda, um lucro, já deduzida a tributação, de R$ 136,6 milhões. Sem elas, o banco teria amargado prejuízo de R$ 1,006 bilhão.
O diretor financeiro do banco, Roberto Timótheo da Costa, afirmou que o resultado negativo é conseqüência de "uma colheita que foi plantada anteriormente". "Para sumir com isso do balanço, bastaria repactuar essa dívida. Todos ficariam inadimplentes e o banco ficaria com resultado positivo, o que foi feito nos últimos anos", disse se referindo à AES.
Segundo ele, o maior problema do banco hoje não é a AES, mas sim encontrar uma forma de fazer o país crescer. Apontou como um dos principais entraves as altas taxas de juros cobradas pelos agentes repassadores dos recursos do BNDES. Timótheo afirmou que o banco se esforça para captar recursos e transferir esse dinheiro para que chegue às mãos do tomador com taxas competitivas, mas os agentes continuam cobrando taxas extorsivas na ponta.
Ele revelou ainda que há duas semanas, numa negociação com a Petrobras, o banco eliminou os intermediários da operação para garantir taxas mais atrativas para a estatal.