Brasília, 18/6/2003 (Agência Brasil - ABr) - O "2º Workshop sobre Diretrizes para Avaliação de Organismos Geneticamente Modificados (OGMs)", que se realiza em Brasília - o primeiro ocorreu no ano passado, no Quênia, África -, mostrou que o plantio de culturas transgênicas ainda está longe do consenso. A audiência pública realizada na manhã de hoje foi marcada por polêmicas, protestos, acusações e manifestações favoráveis e contrárias ao cultivo dessas plantas.
Reunidos durante quatro dias no Hotel Bittar, cerca de 70 cientistas de 15 países avaliaram o cultivo e os riscos ambientais do algodão geneticamente modificado contendo a bactéria Bacillus thurigiensis (Bt) e formularam diretrizes cientificas para a produção, acompanhamento e avaliação da cultura. Os resultados estão sendo apresentados agora a tarde em sessão aberta que reúne cientistas, organizações de agricultores e da sociedade civil, representantes do governo e organizações não-governamentais.
O plantio de sementes do algodão Bt para testes de campo no pa´si ainda não foi liberado pelos órgãos competentes (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), Ibama e Ministério da Agricultura). Os defensores da permissão ressaltam que plantas modificadas em laboratório já são cultivadas em países como Austrália, China e Índia, que conseguiram reduzir em mais de 50% o índice de aplicação de agrotóxicos e pesticidas nas lavouras. Eles também defendem a imediata integração do Brasil à tecnologia dos transgênicos que estaria conquistando o mundo.
Os opositores reagem com o argumento de que a área plantada com o algodão bioinseticida na China é de apenas 3%, e que 96% de toda a área cultivada de soja, milho e canola transgêncios se concentram nos Estados Unidos, Argentina e Canadá. Para eles, isso prova que os transgênicos não se espalham pelo mundo, mas se multiplicam nas mesmas regiões.
No Brasil, os OGMs não podem ser produzidos e comercializados sem a realização de estudo prévio de impacto ambiental e a elaboração de normas relativas à segurança alimentar, comercialização e consumo desses alimentos. As diretrizes traçadas pelos cientistas reunidos em Brasília poderão contribuir para a definição de protocolos oficiais pelo governo brasileiro.
A audiência pública sobre a avaliação de OGMs prossegue até ás 18 horas, com apresentações e debates sobre caracterização de plantas, impacto a organismos não alvo e fluxo gênico. No intervalo para o almoço, um reduzido grupo de manifestantes protestou na porta do Hotel Bittar, portando faixas contra a produção de transgênicos