Oposição obstrui pauta do Senado e atrasa votação da MP do salário mínimo

18/06/2003 - 13h39

Brasília, 18/6/2003 (Agência Brasil - ABr) - Com o feriado prolongado e a obstrução que a oposição fez para impedir as votações da Ordem do Dia no plenário do Senado, a apreciação das medidas provisórias que estão trancando a pauta foi adiada para a próxima terça-feira (24). Entre as MP's está a que reajusta o salário mínimo para R$ 240. O PSDB liderou a obstrução da pauta.

Com o esvaziamento do plenário organizado pelo PSDB, a base aliada do governo não conseguiu reunir o quórum mínimo de parlamentares para a votação. Estão na fila para serem votadas a MP do seguro safra, que beneficia pequenos produtores prejudicados pela seca; a que proíbe a propaganda de cigarros e de bebidas e a que abre crédito extraordinário em favor dos Ministérios dos Transportes, no valor de R$ 89 milhões.

Como não houve Ordem do Dia, a sessão foi dedicada aos debates. E os líderes partiram para o confronto político com relação às críticas feitas pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ao atual governo. O líder do Governo, senador Aloízio Mercadante (PT-SP), rebateu uma a uma as críticas feitas por Fernando Henrique em entrevista ao site do PSDB, na segunda-feira. "O debate político faz parte do processo democrático e o ex-presidente tem direito de fazer as críticas, mas é preciso lembrar que nós vivemos no primeiro período de governo FHC uma crise sem precedentes que desequilibrou as contas do país".

O senador afirmou que não admite o debate desqualificado e apresentou números que, segundo ele, comprovam os argumentos. "O ex-presidente não pode criticar a política de juros ao ter deixado uma herança de taxa de juros superiores à atual", salientou. Ele argumentou que a relação entre a dívida e o Produto Interno Bruto (PIB) baixou de 62% para 52% e que todos os indicadores apontam para a queda da inflação.

Com relação aos comentários de Fernando Henrique sobre as reformas, Mercadante disse que "as críticas são injustas porque partem de quem não as fez e, pelo contrário, agiu, no caso da reforma tributária, para obstrui-la".

Os comentários de Mercadante foram rebatidos duramente pelo líder do PSDB, senador Arthur Virgílio. "Seria necessário uma sessão do Senado só para nós dois discutirmos e aprofundarmos essa questão", disse.

O parlamentar também fez questão de apresentar dados que, em sua opinião, comprovam o ganho de produtividade da economia durante o governo Fernando Henrique e também qualificou como injustas as críticas ao ex-presidente. "O PT já assumiu que errou ao não apoiar as reformas que Fernando Henrique pretendia fazer. Eu não estou fazendo bravatas, apenas oposição a um governo que está realizando uma política que nem de leve lembra a prometida em campanha", concluiu.