Brasília, 20/3/2003 (Agência Brasil - ABr) - Os Estados Unidos iniciaram hoje uma ação militar contra o Iraque. Já existem vítimas humanas e destruições. A região inteira está sob a ameaça de uma catástrofe humanitária e ecológica de grande escala. Foi assim que o presidente russo, Vladimir Putin, começou seu discurso hoje no Conselho de Segurança da Rússia. Ele destacou que as ações militares estão sendo realizadas a despeito da opinião pública internacional. As informações são da Embaixada da Rússia.
"Nada pode justificar esta ação militar. Nem as acusações de que o Iraque estaria apoiando o terrorismo internacional, nem o desejo de substituir o regime político deste país – o que vai diretamente contra o direito internacional e só compete resolver aos nacionais deste ou daquele estado", acrescentou Putin.
O presidente russo afirmou que não havia "nenhuma necessidade" de realizar as operações militares para responder a questão da existência ou não de armas de destruição em massa no território iraquiano. Ele argumentou que Saddam Hussein não representa perigo, seja para os países vizinhos ou para outras regiões do mundo, pelo fato de que seu país se encontra fraco militarmente e economicamente.
Vladimir Putin ressaltou que os trabalhos dos inspetores internacionais tinham apresentado resultados "muito positivos". Quanto ao secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, e aos inspetores de armas da ONU, o presidente russo disse que eles cumpriram com o seu dever de forma "honesta e responsável, demonstrando alto profissionalismo e coragem".
Putin reafirmou que a ação militar contra o Iraque é um "grande erro político". Segundo ele, grande parte da preocupação com o ataque norte-americano provém da ameaça do desmantelamento do sistema de segurança internacional vigente. "Se nós permitirmos que o direito internacional seja substituído pela lei do predador, segundo o qual o mais forte sempre tem razão, então será posto em xeque o princípio da soberania dos Estados", acrescentou.
De acordo com o líder russo, é por esses motivos que a Rússia insiste na cessação imediata das ações militares. "E nós estamos tão convictos quanto antes: o papel central em solução de situações de crise no mundo, inclusive no que diz respeito ao Iraque, deve pertencer ao Conselho de Segurança da ONU", declarou.