Safra de grãos será recorde, diz Pratini

10/12/2002 - 14h24

Brasília, 10/12/2002 (Agência Brasil - ABr) - A produção brasileira de grãos, cereais e oleaginosas para a safra 2002/2003 poderá atingir o volume recorde de 106,1 milhões de toneladas, 9,7% a mais que a safra passada. O anúncio foi feito nesta manhã pelo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Marcus Vinícius Pratini de Moraes, durante entrevista coletiva na Companhia Nacional de Abastecimento (Conav).

A área cultivada com as principais culturas de verão também deverá sofrer um crescimento de 4,3%, o que representa um adicional de 1,7 milhão e hectares. "Essa é uma área adicional maior que muitas áreas plantadas em vários países da Europa", comparou o ministro.

Entre as diversas culturas, o destaque é a soja, cuja produção poderá atingir 47,6 milhões de toneladas. Na safra passada, o país colheu 41,9 milhões de toneladas. A estimativa da colheita de arroz é de 10,9 milhões de toneladas, não sendo ainda suficiente para o consumo, mas, de acordo com o relatório da Conab, em virtude de estoques de passagem, o abastecimento não deverá sofrer qualquer percalço.

Pratini de Moraes destacou que a especulação que se criou no Brasil em torno de preços dos produtos agrícolas, em função do câmbio, está gerando dois efeitos, caracterizados por ele como perversos. "De um lado, a inflação para o consumidor, e de outro, o aumento de custos para os produtores de fertilizantes e de agroquímicos, que não são repassáveis agora para o mercado porque esse produto vai ser plantado agora para ser vendido no ano que vem".

Ele disse que é preciso um esforço muito grande para evitar que essas especulações continuem não só em torno dos produtos agrícolas em todos os segmentos da economia em função da taxa de câmbio. "A taxa de câmbio excessiva é um mal para a agricultura e para a economia brasileira".

Pratini fez uma comparação entre a produção agrícola da safra 1990/1991 e a de 2002/2003. Na primeira, o Brasil colheu 57,8 milhões de toneladas e a área plantada de 37,8 milhões de hectares. "Nós praticamente dobramos a produção nesse período", observou o ministro dizendo ainda que o país possui uma área livre para plantar de 90 milhões de hectares. "Essa área está disponível e não é preciso derrubar uma árvore da Amazônia".

Ele lembrou ainda os números em relação a carne brasileira. "As nossas carnes praticamente dobraram entre 1998 e 2002. A carne bovina teve aumentos de 42% na produção, 137% na exportação, 31% no consumo interno; a carne suína aumentos de 40% na produção, 129% na exportação e 33% no consumo interno e; o frango aumentou 40% na produção, 111% na exportação e 30% no consumo interno. Sendo que as exportações desses produtos não chegam nem a 20% do que é produzido", mencionou Pratini de Moraes, completando que a política agrícola brasileira não é feita para exportar mas para o mercado interno.

O ministro disse ainda que é preciso que o seu sucessor dê mais crédito, permitir que o produtor tenha uma remuneração adequada, abrir mercados para exportação para que os preços sejam remuneradores e investir em tecnologia e sanidade animal. "O que tem assegurado ao Brasil crescimento, emprego e balança comercial é o agronegócio", conclui o ministro.