Washington, 11/12/2002 (Agência Brasil-ABr) - O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva disse agora à noite, em entrevista ao chegar na Embaixada do Brasil depois da conversa com o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Enrique Iglesias, que o seu encontro com o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, na Casa Branca, deu início a um novo ciclo nas relações entre o Brasil e aquele país. Segundo Lula, os EUA são o principal parceiro individual do Brasil e o governo brasileiro tem interesse em aumentar as exportações com os Estados Unidos e também com os demais países. Para isso, assinalou, é preciso que haja uma discussão franca com os interlocutores, em função dos desejos brasileiros. Ele lembrou que os americanos também têm desejos, e, por isso, é preciso haver uma conversa franca, muito aberta, para que resultem desses entendimentos acordos em que todo mundo saia ganhando. "Dizem que acordo bom é aquele em que as duas partes saem felizes. Eu acho que isso é possível em nossas relações", afirmou Lula.
De acordo com o presidente eleito, o fato de um metalúrgico ir à Casa Branca não deveria ser uma novidade, já que o Brasil tem objetivos definidos: "sabemos o que queremos para o País. Nós precisamos ter a disposição de viajar pelo mundo e conversar com quem quer que seja, para que o Brasil saia minimamente vitorioso dessas conversações". Ele destacou a iniciativa do presidente Bush de propor a realização de um encontro de cúpula Brasil/Estados Unidos no início do ano que vem, cujos preparativos começam já em janeiro, logo depois que Lula tomar posse no cargo. "Isso é muito interessante porque nós temos interesse em aperfeiçoar essas relações com os EUA", comentou.
Lula disse sentiu orgulho ao ser recebido na Casa Branca, pois estava ali na condição de defensor dos interesses do povo brasileiro. "Eu sentei ali com a certeza que eu era o mais legítimo representante dos interesses do povo brasileiro e que, portanto, eu estava orgulhoso de estar ali defendendo as coisas que o meu povo acredita que eu deva defender. Para mim, isso foi motivo de orgulho, ou seja, se tivesse tocado o Hino Nacional eu teria chorado, porque é emocianante você estar falando com o presidente da economia mais forte do mundo, defendendo os interesses do povo do nosso país".
O presidente eleito do Brasil avaliou que esta viagem foi muito importante para ele, porque acredita que conseguiu desfazer a imagem, de forma pejorativa, que tinham dele e do Partido dos Trabalhadores nos Estados Unidos. Ele assinalou que é preciso "olho no olho e ter uma conversa tête a tête", para as pessoas saberem: "nada melhor na relação entre os seres humanos do que o contato direto. Eu estou convencido de que esta reunião foi boa para o Brasil e acho que o Brasil precisa tirar proveito dela".