Brasília, 10/12/2002 (Agência Brasil - ABr) - O ministro da Justiça, Paulo de Tarso Ribeiro, esclareceu hoje os motivos do adiamento da reconstituição da morte do cozinheiro Antônio de Abreu, na Superintendência da Polícia Federal (PF) do Rio de Janeiro, marcada para os dias 5 e 6 deste mês. Ele participou, no início desta tarde, de audiência da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Tortura, da Câmara dos Deputados.
De acordo com Paulo de Tarso, o adiamento ocorreu exclusivamente por razões técnicas, pois os peritos avaliaram que ainda havia necessidade de ouvir depoimentos de policiais e presos para, só então, preparar a encenação das duas versões existentes, a dos agentes federais e a de Márcio Gomes e Samuel de Cerqueira, detidos, junto com o cozinheiro, sob suspeita de terem assassinado um policial federal na madrugada de 8 de setembro.
Paulo de Tarso disse que Antonio de Abreu morreu em "circunstâncias brutais". O laudo indica que ele teve afundamento craniano, de tórax e abdômen, apesar de ter sido detido sem nenhuma lesão. A suspeita é de que agentes federais tenham torturado os três presos para se vingarem pela morte do colega.
"Na data em que se comemora do Dia Mundial dos Direitos Humanos, é constrangedor que ainda seja preciso discutir o tema da tortura no Brasil", lamentou Paulo de Tarso. "Quando acontece tortura ou tratamento aviltante do ser humano é preciso investigar a fundo".
Nesse sentido, Paulo de Tarso elogiou a decisão da PF de abrir inquérito sobre o caso, com o acompanhamento de representantes do Ministério Público e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), evidenciando uma preocupação com a transparência nas investigações. A reconstituição serrá nesta quinta (12) e sexta-feira (13).