Brasília, 10/12/2002 (Agência Brasil - ABr) - Representantes do governo federal (atual e futuro) e da Organização das Nações Unidas (ONU) estão reunidos neste instante, no Hotel Lake Side, nesta capital, com autoridades internacionais, especialistas em políticas públicas, pesquisadores e movimentos feministas discutindo estratégias para a realização de estudo inédito de governabilidade. A iniciativa servirá de base para o planejamento e elaboração de gestão dos países da América Latina.
A consultora da Comissão das Nações Unidas para a América Latina e Caribe, Jacqueline Pitanguy, conta que a história feminista é mutante. Nos anos 70, período em que surgiu, época da ditadura, as mulheres lutavam por duas causas: democratização e igualdade entre os sexos. Na década de 80, com a transição da democracia, as mulheres brasileiras foram as primeiras latinas a construir espaços governamentais que pudessem desenvolver políticas públicas voltadas para mulher. Já nos anos 90, houve um retrocesso. E em 2002, foi criada a Secretaria de Estado dos Direitos da Mulher. Isso mostra que as mulheres estão sempre lutando, ressalta.
Jacqueline alertou para a necesside de apresentar propostas para mudar a situação. "É preciso que cada ministério crie núcleos que sejam encarregados de políticas de gênero e tenham seu próprio orçamento, além de manter canais de diálogos entre o Estado e a sociedade civil." O seminário acontece num momento histórico do país.
Pela primeira vez, a equipe de transição do governo tem em pauta discussões para políticas do gênero. "Eu vim aqui para ouvir as sugestões. A equipe recolhe as informações e cria subsídios para a equipe que assumirá no dia primeiro. É fundamental para o futuro governo estar aqui e ouvir o que as pessoas estão falando", explicou Vera Soares, membro da equipe de transição.