Lula e Bush farão reunião de cúpula no primeiro semestre de 2003

10/12/2002 - 18h35

Washington (EUA), 10/12/2002 (Agência Brasil - ABr) - A reunião de cúpula entre o presidente eleito do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva e o dos Estados Unidos, George W. Bush, proposta por Bush, hoje, em encontro na Casa Branca - sede do governo norte-americano - será realizada entre março, abril e maio de 2003, estação da primavera nos EUA. A informação foi dada na tarde de hoje, na Embaixada do Brasil em Washington, pelo porta-voz de Lula, o jornalista André Singer.

Segundo ele, não ficou definido no encontro se a cúpula, que terá uma reunião paralela entre autoridades dos dois países, será no Brasil ou nos Estados Unidos. O porta-voz sinalizou que o evento poderá ser no Brasil, já que houve um convite formal de Lula para que Bush visite o país no próximo ano, aceito pelo presidente norte-americano. Bush manifestou, de acordo com Singer, o desejo de "surfar " em praias brasileiras.

Segundo Singer, a proposta de realização da cúpula, feita na conversa de cerca de 60 minutos, não simbolizou um gesto "simpático", desses que balizam as relações diplomáticas, já que o próprio presidente norte-americano fez propostas concretas sobre a montagem do roteiro da reunião, para demonstrar que é uma proposta efetiva e não uma simples declaração de intenções. A idéia é criar uma equipe de trabalho para viabilizar o encontro entre os dois presidentes. "Queremos trabalhar junto com o próximo governo. Esta é a nossa posição", declarou Bush, conforme relato do porta-voz do presidente eleito.

André Singer ressaltou, na conversa com os jornalistas, a importância conferida, de acordo com diplomatas dos dois países, por George Bush a Lula em recebê-lo antes de tomar posse no cargo.
Prova dessa deferência, conforme Singer, foi o tempo de duração do encontro, o dobro do previsto pelo cerimonial da Casa Branca, o que não é um procedimento comum nos encontros agendados para o presidente norte-americano.

A conversa, segundo Singer, aconteceu num clima ameno e houve uma "grande empatia" entre Bush e Lula, já que ambos "falaram com o coração, com franqueza" das perspectivas de aprofundamento das relações bilaterais. No início da conversa, para demonstrar a franqueza do diálogo entre os dois, Lula deixou claro a Bush as intenções do Brasil quanto à ampliação do relacionamento com os Estados Unidos: "vamos ser inflexíveis na defesa dos interesses do Brasil e do povo brasileiro, mas vamos ser leais - aquilo que for acordado, vamos respeitar", disse Lula a respeito das discussões que serão promovidas a partir do ano que vem.

O presidente norte-americano elogiou a conduta do presidente eleito em relação a suas propostas de governo e demonstrou conhecimento sobre algumas delas como o propósito de acabar com a fome no país, destacando, entre outras coisas, a decisão anunciada por Lula, quando venceu as eleições, de fazer com que cada brasileiro pobre tenha, até o final de seu mandato, o direito a três refeições diárias.

Em relação ao apoio pedido por Lula a Bush, referente à abertura de linhas de crédito externas para o empresariado brasileiro, Singer disse que o presidente americano afirmou que pretende ajudar o Brasil, mas salientou que o governo de seu país vai se manifestar formalmente a respeito da questão depois da posse do novo governo brasileiro em 1º de janeiro próximo.