Presidente fala em Nova York a jornalistas brasileiros

09/12/2002 - 19h08

Nova York, 9/12/2002 (Agência Brasil - ABr) - O presidente Fernando Henrique Cardoso disse há pouco, em entrevista a jornalistas brasileiros que o acompanham aos Estados Unidos, que nunca entendeu a oposição realizada pelo PT nos oito anos de seu governo. Segundo o presidente, a postura do Partido dos Trabalhadores (PT) foi destrutiva e é um resquício de uma visão autoritária e anti-democrática.

O PT foi contra tudo, sem nem pestanejar. Moveu processo sem base, pediu impeachmeat a toda hora, botou fora FHC três meses depois de eu ter obtido vitória por maioria absoluta, enfatizou. O presidente disse esperar que o PSDB não tome essa mesma atitude, e que a opção do partido será por uma oposição séria - o que não significa oposição que não critique. "Será uma oposição que não mantenha fundamentos apenas nas críticas, mas a ponte alternativa", afirmou.

O presidente Fernando Henrique disse que o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, deve levar para o encontro com o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, toda a franqueza possível. Na avaliação de FHC, no primeiro encontro, a preocupação deve ser muito menor com o tema e mais voltada para demonstrar como será o novo governanente. "O Lula tem muitas condições de, ao falar de sua carreira, mostrar a Bush que é um homem que vem do trabalho, se transformou em líder e, há muitos anos, é um homem político", afirmou.

O presidente reiterou sua confiança de que Lula cumprirá os contratos firmados com o Fundo Monetário Internacional e manterá o controle da inflação. "Eu aposto que isso vai acontecer. Antes das eleições ele disse que respeitaria os contratos, e , depois de eleito, não deu um elemento contrário a isso. Apostar o contrário é torcer contra o Brasil", enfatizou.

Fernando Henrique comentou o possível conflito entre os Estados Unidos e o Iraque. Na sua opinião, a guerra só se justifica se houver razões. "Se não houver, é o pior dos males", enfatizou. O presidente elogiou a conquista da Organização das Nações Unidas em enviar inspetores de armas para o Iraque, e disse que a expedição realizada no país foi "uma vitória muito importante para quem não gosta nem da guerra nem de decisões que não sejam baseadas em fatos comprovados".

Segundo o presidente, o momento, agora, permite uma reflexão do risco de uma guerra no continente asiático. "O governo do Iraque deve entender que o futuro depende disso, para que não seja destruído por uma guerra. E que os países do outro lado entendam que a guerra só se justifica se houver razão verdadeira", avaliou.

O presidente disse que a solução para impedir o aumento da inflação no Brasil é mais política do que econômica. E que não depende mais do seu governo, mas do novo governo, que tem feito o possível, mas terá que trabalhar mais, para convencer os mercados da capacidade que tem de manter a linha de controle, afirmou. O presidente disse que a alta da inflação foi provocada pela soma da forte variação do preço da moeda com o preço do petróleo.

Questionado sobre se a indicação do ministério do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, poderia acalmar o mercado financeiro, Fernando Henrique disse que o mercado é sempre impaciente, e que a expectativa sempre existe, ao se nomear um ministério. Primeiro, do país, segundo, pelos que aspiram ser ministros e, terceiro, por vocês, da imprensa, brincou, dirigindo-se aos jornalistas.