Brasília, 09/12/2002 (Agência Brasil-ABr) - A pesquisa semanal Focus do Banco Central, divulgada hoje, aponta novo aumento nas projeções do mercado financeiro para a inflação este ano e em 2003. De acordo com a análise de 100 economistas e consultorias, a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) irá fechar o ano em 11,63% contra 11% previstos na pesquisa anterior. Para o ano que vem, a inflação esperada também aumentou de 10,68% para 10,83%.
O índice previsto para este ano está acima do teto máximo de inflação previsto pelo governo no acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI). A meta de inflação é de 3,5%, com margem de tolerância de dois pontos percentuais para mais ou para menos, ou 5,5%. A meta de inflação para 2003 é de 4%, podendo oscilar 2,5 pontos percentuais para cima ou para baixo. O IPCA é o índice que serve de referência para as metas de inflação do governo, no acordo com o FMI. O índice é calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) desde 1980 e reflete o custo de vida das famílias com renda mensal de 1 a 40 salários mínimos. A pesquisa é feita nas 11 principais regiões metropolitanas do país.
O levantamento do Banco Central aponta ainda a expectativa do mercado para o nível dos juros básicos da economia neste final de ano. Até a semana passada a taxa Selic esperada era de 22% (a taxa que vigora atualmente) e agora, a previsão é a de que o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) irá elevar a taxa para 23% ao ano. O Copom faz a última reunião do ano para definir se faz ou não alterações na Selic na próxima semana. Em relação a 2003, os analistas também alteraram suas expectativas. Ao invés dos 18,14% da pesquisa anterior, o mercado passou a acreditar em 19% no ano que vem.
O mercado manteve ainda estável, em R$ 3,50, a taxa de câmbio esperada para o final deste ano. Para 2003, entretanto, a cotação esperada saiu de R$ 3,60 para R$ 3,66. Permaneceram estáveis ainda as projeções para os investimentos estrangeiros diretos - US$ 15,5 bilhões neste ano e US$ 13 bilhões em 2003.
Melhoras apenas nos cenários traçados para a balança comercial de 2003 e para o crescimento da economia tanto deste como do ano que vem. Para a balança, o superávit de US$ 12,5 bilhões, previsto anteriormente para este ano, foi mantido. Mas, para 2003, o número saiu de US$ 15,1 bilhões para US$ 15,6 bilhões.
Em relação ao PIB (Produto Interno Bruto), os analistas consultados elevaram de 1,26% para 1,28% a projeção de crescimento deste ano. E de 1,95% para 1,99% a estimativa de 2003.
Também foram melhorados os números relativos ao déficit em conta corrente deste ano, mas pioraram na perspectiva para 2003. Para 2002, o valor esperado é negativo em US$ 9,50 bilhões, abaixo dos US$ 10 bilhões projetados anteriormente. Em 2003, a expectativa do mercado é de que o déficit chegue a US$ 6,9 bilhões, acima dos US$ 6 bilhões vislumbrados ao final de novembro.