Rio, 29/11/2002 (Agência Brasil - ABr) - O resgate e a preservação da história da formação do Brasil poderá ser conferida, nesta capital, na mostra " O Tesouro dos Mapas", que oferece ao público a trajetória da arte cartográfica no mundo e ao desenho do Brasil e suas regiões. São 220 trabalhos, muitos deles raros, dos mais conceituados cartógrafos europeus, desde o final do século XV até o século XIX, que poderão ser vistos no Museu Nacional de Belas Artes, no período de 6 de dezembro a 2 de março de 2003, de terça à sexta-feira, das 10h às 18h, com ingressos a R$4,00.
A exposição tem curadoria do professor Paulo Micelim, da Unicamp, especialista em história das navegações e história da cartografia. O projeto da montagem recebeu tratamento cenográfico do artista mineiro Paulo Pederneira que dividiu a mostra em quatro módulos, mostrando de forma didática a evolução da formação do país.
"Desenho do Mundo" é o nome do primeiro módulo, que exibe um conjunto de mapas de grande valor histórico cultural, começando pelo valioso Atlas de J.Fr.Roussin, manuscrito veneziano de 1673, e cinco raríssimas cartas-portulanos, desenhadas sobre pergaminho animal, datadas dos séculos XVI e XVII. Três dessas cartas-portulanos saíram das oficinas da família Oliva, responsável por mais de um século pelos principais mapas produzidos no Mediterrâneo ocidental. O módulo apresenta, também, mapas de Hartman Schedel (1493), Martin Waldseemüller, Lorenz Fries, Sebastien Müsnter, André Thevet,Abraham Ortelius, todos do século XVI, além de cartas seiscentistas de Blaeu, Mercator e Hondius.
O segundo módulo, denominado de "Mapa: Arte e Técnica", associa elementos estéticos da ciência cartográfica aos conhecimentos matemáticos e astronômicos, que serviu de base para o desenvolvimento da cartografia do Renascimento. O segmento reúne mapas de nomes como Fernando de Solis, Marcator-Hondius, Robert Dudley, van Langren, Augustino Torniello, Blaeu, Jan Jansson,Pieter van der Aa, Alexis-Hubert Jaillot,Heinrich Mahlmann, Victor Levasseur, Gerardum Valck, John Senex e Jhon Crane, combinando um período que vai do final do século XVI à segunda metade do século XIX.
"A Cartografia Européia e o Desenho do Mundo" é o terceiro módulo, englobando trabalhos dedicados ao desenho da Terra, em sua totalidade, e ao Novo Mundo, a partir da segunda metade do século XVI, com destaque para os mapas holandeses e flamengos, como os de Mercator e Ortelius. Este último foi o responsável pela edição do primeiro atlas moderno: Theatrum Orbis Terrarum, de l570, de onde saíram mapas desse cartógrafo expostos pelo Instituto Cultural Banco Santos, que desenvolveu um projeto que culminou com a formação da mostra, já exibida em São Paulo, O módulo reúne trabalhos de Rumold Mercator, Gemma Frisius(1529), Girolamo Ruscelli (1561), Paolo Forlani (1562), Jhon Ogilby, Petrus Bertius, Athanasius Kircher, Danckerts,Thomas Jefferys e George Seutter.
Marcos significativos da história do desenho no Brasil estão no quarto módulo - " Última Terra - O Desenho do Brasil". São trabalhos dos séculos VXI a XIX, com destaque para os desenhos das regiões Nordeste, Sul e Amazônia, entre os séculos XIV e XVIII, com imagens
que insistem na exuberância e no exotismo natural, incluindo os habitantes, revelando valores que a paisagem cartográfica registrava, divulgava e consolidava. Foram agrupadas ao mapas, cartas cartográficas de Giovanno Battista Ramusio, Girolamo Ruscelli, Levinus Hulsius, Pieter Goos, John Seller, Arnold Colom, Robert Morden, Cornelis de Jode , Jean Baptiste Bourguignon D`Anville, Cornelis Wytfliet, Sebastian de Ruesta. Os mapas sobre regiões são de C.W. Lüttich(1597), Giovanni Petroschi (1732-1760), Conrado de Niemeyer (1867), Pieter Carder e Vincent Hubert (1698), Pierre Mortier (1756), Joannes van Keulen (!683,1709,1734), Issak Commelin(1653), Andreas Orazi (1698), Arnold Montanus (1625,1671), Samuel Drunn (1787) e Jan Janvier(1754).
A exposição "O Tesouro dos Mapas", além de maquetes de embarcações, mostra dezenas de objetos náuticos relacionados à astronáutica. Podem ser vistos, ainda, vários globos que, na Europa Renascimento, eram utilizados pelas monarquias como símbolo de poder, especialmente na época dos descobrimentos. O Rei Dom Manuel I e a Rainha Vitória, por exemplo, associaram sua imagem imperial ao globo encimado pela cruz. Também expostas, as esferas armilares, que aparecem freqüentemente nos mapas e brasões imperiais.São antigos instrumentos astronômicos formados por vários anéis metálicos (as armilas), representando os principais meridianos e paralelos celestes que envolvem a Terra.