Brasil mantém eficiência na administração da dívida, diz Malan

29/04/2002 - 20h27

Brasília, 29 (Agência Brasil - ABr) - O ministro da Fazenda, Pedro Malan, afirmou, em encontro com jornalistas, que a crise argentina já está afetando o Brasil, e que seria "ingenuidade" afirmar que não existe possibilidade de contágio. Isso não significa, entretanto, que o Brasil vá entrar em crise, como o vizinho. Da mesma forma, a economia brasileira sofre também boas influências, de países europeus e dos Estados Unidos, disse o ministro.

As exportações brasileiras para a Argentina caíram de 13% para 8,7% e poderão cair ainda mais, por conta da queda na economia argentina. "Em compensação, estamos exportando mais para outros mercados", comentou. Apesar do apoio que o Brasil tem dado à Argentina, especialmente no comércio automotivo e como intercessor junto a organismos multilaterais, "o futuro da Argentina está nas mãos dos próprios argentinos", frisou Malan.

O ministro da Fazenda comentou as críticas que a equipe econômica vem sofrendo por conta da vulnerabilidade da dívida externa brasileira. Ele reconheceu que a dívida é alta, mas proporcional ao tamanho do país e ao tamanho da sua economia. Ressaltou que existem países em que a dívida, apesar de ser menor que a do Brasil, representa 150% do PIB. Malan garantiu que o país está sendo eficiente na administração da dívida interna e externa. "Dizer que essa dívida é inadministrável é catastrofismo", comentou.

Ele lembrou que nem a dívida interna nem a externa possuem prazo inferior a um ano. A dívida externa pública de médio e longo prazo é de US$ 92 bilhões e a dívida líquida brasileira é composta de apenas 34% do Governo Central. O restante corresponde aos Estados, municípios e estatais. Malan foi enfático ao lembrar que grande parte da dívida se deve ao reconhecimento de esqueletos, contraídas em governos anteriores.

Malan classificou de "equivocada" a utilização das pesquisas de opinião sobre as eleições para rebaixar a classificação dos títulos da dívida brasileira, como teria feito o banco de investimentos Morgan Stanley. "A política econômica de um país não pode ser alterada pela última pesquisa do dia", comentou o ministro, ao opinar que a única pesquisa que realmente revelará a posição do eleitorado será "a grande pesquisa de outubro: as eleições".