Calor movimenta atendimentos em hospitais do Rio

05/01/2014 - 13h55

Cristina Indio do Brasil
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - O calor intenso no Rio de Janeiro com sensação térmica de até 50 graus Celsius (°C) nos últimos dias tem movimentado o setor de atendimentos de emergência em hospitais da cidade. Segundo o diretor do Hospital Municipal Miguel Couto, na zona sul da cidade, Luiz Alexandre Essinger, a unidade recebe por dia média 15 a 20 casos de internação no período de Verão, doença provocada pelo aumento da temperatura do corpo por causa do ambiente independente do sol. 

“A gente vê muito nos hospitais crianças e idosos com dor pelo corpo, desmaios, desidratação. A mãe leva a criança porque ela está muito caidinha. Alguns pacientes idosos são levados ao hospital com a sensação de prostração. A família encontra o paciente desidratado se mexendo pouco e quando vai ver ele já está sofrendo por causa do calor extremo”, explicou.

Segundo o médico a intermação provoca alterações no corpo como aumento da frequência cardíaca, queda da pressão arterial, dor de cabeça, no corpo, câimbra e em caso mais grave o paciente pode ter desmaio e crise convulsiva. Ele acredita que pelo Brasil ser um país tropical, muita gente não percebe a gravidade do caso e acha que é normal. 

“Não sei se porque o Brasil é um país tropical, esta condição de calor extremo é um pouco negligenciada. Não se dá tanta importância às ações do calor sobre o corpo humano. Mas se observar melhor podemos notar, que praticamente toda a população tem algum grau de sofrimento por conta disso”, comentou.

O diretor do Miguel Couto alertou ainda que alguns casos de calor extremo podem levar à morte. “O calor extremo provoca a paralisação dos rins, a chamada insuficiência renal, e o paciente ser levado para UTI. Nestes casoso o corpo humano está sofrendo por causa do calor extremo que pode levar a uma crise convulsiva, entrar em coma e os rins paralisarem. O tratamento tem que ser feito  no hospital, mas a maioria vai com quadros mais leves que se não forem tratados a tempo podem evoluir para casos mais graves”, disse.

O médico chamou atenção também para as pessoas que sofrem de hipertensão. Luiz Alexandre Essinger informou que a situação piora no Verão. “O paciente que tem hipertensão, normalmente o coração dele já tem uma sobrecarga e quando sofre o trauma pelo calor o coração dispara. Na fase inicial a pressão cai e o coração para reagir entra em taquicardia, quer dizer, dispara. Neste momento a pessoa pode ter um infarto. O calor provocou o infarto porque o coração disparou. É muito perigoso”, disse.

O especialista fez três recomendações à população exposta ao calor extremo. “Beber muita água; ficar em ambiente arejado com bastante vento, que em contato com a pele resfria o corpo; e quando já estiver com sinais de cansaço pegar panos úmidos e colocar na testa, axilas e virilhas. Este pano úmido ajuda a resfriar o corpo e se não melhorar ir para o hospital. Com isso a gente vê que a climatização do ambiente de trabalho não é um luxo. O cansaço das pessoas e o mal-estar é uma consequência da internação”, completou.

Outra doença que costuma ocorrer no Verão é a dengue. O médico disse que com o aumento de chuvas nesta época do ano, há uma elevação nos casos da enfermidade. “As pessoas que suspeitarem estar com a doença devem logo fazer uma forte hidratação e ir ao posto de saúde, onde, se necessário, pode ter a hidratação por meio de soro venoso”, sugeriu.

As intoxicações alimentares também são frequentes nesta época do ano. O superintendente de Vigilância Epidemiológica e Ambiental da Secretaria de Estado de Saúde, Alexandre Chieppe, disse que a deterioração dos alimentos é rápida em muitas situações. “Em curto período de tempo podem ficar impróprios ao consumo, seja por refrigeração inadequada ou pelo hábito das pessoas em manterem os alimentos fora da refrigeração. Em épocas mais frias traz pouca consequência, mas no calor os alimentos estragam rapidamente”, disse.

O superintendente disse que neste período, as equipes da Vigilância intensificam o acompanhamento de casos de diarreia e insolação para orientar a população sobre os cuidados que devem ser tomados, além de analisar os alimentos oferecidos pelos estabelecimentos comerciais.

“Nesta época do ano as ações de inspeção a estabelecimentos comerciais aumentam principalmente em locais próximos às praias, porque há um consumo maior de alimentos e aumento no número de pessoas. Mas o grande problema a gente vê nas residências por conta de consumo de alimentos estragados que estão mal acondicionados nas geladeiras as vezes até causados por cortes de energia”, explicou.

Edição:  Valéria Aguiar

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