Fernanda Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Parentes do operário que pode estar soterrado nos escombros do prédio que desabou na noite de ontem (3) aguardam esperançosos, em frente ao local da tragédia. Eles esperam ver Edenilson Jesus dos Santos, 23 anos, vivo. O Corpo de Bombeiros busca o operário há mais de 17 horas. O pai do rapaz, Giuldásio Paulo Jesus Santos, 49 anos, tem certeza de que o filho estava dentro do prédio no momento do desabamento.
A família tem tentado contanto pelo celular de Edenilson. A ligação cai na caixa de mensagens. Segundo o pai, Edenilson trabalhava como vigia e pedreiro na construção e pernoitava no local durante a semana. “[Tenho] certeza de que [ele] estava na obra. O colega saiu para fazer compras e ele ficou tomando banho. Esperança da família é que a gente consiga resgatar [Edenilson] com vida”, disse ele.
O irmão de Edenilson, Edvaldo Jesus dos Santos, trabalhava como pedreiro na mesma obra, mas não trabalhou ontem (3). Ele informou que a cada dia a obra apresentava um problema diferente, como rachaduras e pilares deformados. “A gente corrigia e no outro dia rachava de novo”.
Edvaldo contou ainda que quase nenhum operário usava equipamentos de segurança, como capacetes ou cintos. De acordo com ele, os funcionários comunicavam os problemas ao encarregado, que amenizava as falhas.
De acordo com o capitão dos Bombeiros Carlos Roberto Rodrigues, ainda há esperanças de que Edenilson seja encontrado vivo. Os bombeiros trabalham com uma máquina de esteira, e as buscas se concentram no segundo subsolo do prédio, local onde os vigias dormiam. Essa área também foi delimitada com a ajuda de cães farejadores.
Segundo o capitão, durante as buscas, os bombeiros encontraram um chuveiro aberto, confirmando a possibilidade de que Edenilson estivesse tomando banho na hora do desastre. O local foi isolado para diminuir o barulho externo e tornar possível ouvir qualquer ruído do local dos escombros. Há também a hipótese de que Edenilson esteja vivo, porém desacordado. Segundo Rodrigues, existem oito lajes sobrepostas ao segundo subsolo. “A estrutura está instável e pode ter novo desabamento”, disse.
A prefeitura de Guarulhos informou que o alvará de construção do edifício foi emitido no dia 23 de novembro do ano passado. De acordo com o documento, funcionará na área de 3,7 mil metros quadrados um condomínio residencial de 30 apartamentos e dois salões comerciais.
A empresa Salema Comércio, Construção e Projetos Ltda, responsável pela obra, solicitou à prefeitura em maio deste ano um pedido de substituição do projeto para que fosse acrescentado um mezanino em um dos salões comerciais. A prefeitura considerou que a obra atendia aos requisitos legais e técnicos, e o alvará foi expedido em 6 de novembro deste ano.
O advogado da Salema, Maurício Monteagudo, disse que a empresa vai entrar em contato com equipe de engenheiros para fazer o levantamento necessário das causas do acidente, além de verificar a extensão dos danos às pessoas e aos imóveis próximos. Será dado todo o respaldo jurídico e psicológico para reparar os danos, de acordo com ele.
Edição: Talita Cavalcante
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