ONGs fazem passeata para cobrar que Estado encontre corpo de Amarildo

01/11/2013 - 19h07

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - A organização não governamental (ONG) Rio de Paz promove  na manhã deste sábado (2/11), Dia de Finados, na comunidade da Rocinha, uma passeata com a família do pedreiro Amarildo, desaparecido desde o dia 14 de julho deste ano.  Segundo informou à Agência Brasil o diretor executivo do Rio de Paz, Antonio Carlos Costa, a família de Amarildo “está querendo usar a data para apresentar mais uma reivindicação ao Estado. Primeiro, foi  saber quem eram os autores do crime. Agora, eles querem a ossada, para fazer o enterro”.

A ideia partiu da própria família do pedreiro, que procurou a ONG. “A causa é muito justa”, disse Costa. “Pretende-se pedir que o Estado se empenhe na perspectiva de dizer onde a ossada se encontra”. Ele afiançou que “a família não abre mão disso”.

Os participantes do movimento usarão máscaras com o rosto de Amarildo e levarão um boneco com um capuz preto, simbolizando o corpo do pedreiro. Os voluntários do Rio de Paz se reunirão na passarela da Rocinha às 9 h, iniciando a caminhada às 10 h, na Central de Monitoramento da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), onde Amarildo foi preso. Depois, em companhia da família,  irão até o alto da favela, onde farão uma dramatização. 

Na avaliação da pesquisadora da ONG Justiça Global, Alice De Marchi, não basta à família o indiciamento dos policiais acusados pela morte de Amarildo. É preciso que haja a resolução completa do caso e a responsabilização das pessoas que cometeram o crime, porque, por ora, segundo indicou, o que há é apenas resultado de investigação.

“Enquanto Justiça Global, a gente acha importante  que mais do que os agentes envolvidos que estão sendo acusados, haja uma responsabilização do Estado, assumindo que esse tipo de caso é apenas um dentre outros. Que assuma que há esse absurdo cometido pelo Estado”. A Justiça Global participará da caminhada de amanhã (2).

Alice ponderou que não se trata de um caso isolado, nem de punir somente os policiais que “sempre são os peixes pequenos que acabam sendo responsabilizados”. Para ela, o caso de Amarildo é emblemático, justamente por não ser o único no estado do Rio de Janeiro. “Esse  ponto  a gente acha importante destacar. É uma prática sistemática. O Estado tem participado de outras violações desse tipo, de desaparecimentos forçados e execuções sumárias”. Ela acrescentou que isso não acaba com as UPPs.

A ONG Justiça Global critica a política de segurança fluminense, traduzida pelas notícias de violência e morte em favelas que têm instaladas UPPs.  “Nós temos indicado e denunciado esses casos, para  apontar que a UPP parece menos ser uma política de segurança e mais um projeto que tem mais marketing e propaganda  em cima. O que a gente vê é muito mais valorização desses territórios e o aumento do custo de vida, sem o efetivo enfrentamento de questões que a UPP inicialmente se colocava para enfrentar”. A violência é uma dessas questões.

Alice De Marchi analisou que as políticas públicas  e o acesso aos direitos mais básicos das pessoas não tem sido respeitado. “Pelo contrário. A gente tem visto, inclusive, a continuidade  das violações dos direitos humanos”.

Edição: Fábio Massalli

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