Paulo Virgílio
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A edição deste ano do Festival do Rio traz como uma das principais propostas fazer do cinema instrumento de reflexão sobre o mundo atual. Para isso, a partir dos 380 filmes de mais de 60 países que integram a programação do festival, 25 documentários foram selecionados pela direção do festival e a Anistia Internacional Brasil, numa parceria inédita.
Chamada Cinema e Direitos Humanos, a seleção começou a ser apresentada nessa sexta-feira (27) e vai até o dia 10 de outubro em diferentes salas de exibição. Diversificada, a mostra apresenta filmes sobre diferentes temas, como a perseguição a homossexuais em Uganda, a situação de crianças órfãs no Iraque e o preconceito contra ciganos na Europa.
Os 25 documentários já integram algumas das mostras tradicionais do Festival do Rio, como Limites e Fronteiras, Dox, Panorama do Cinema Mundial, Meio Ambiente e Mundo Gay. Algumas sessões serão seguidas de debates com especialistas.
É o caso, por exemplo, do filme norte-americano Guerras Sujas (Dirty Wars) esta tarde, no Cine Estação Botafogo 1. O jornalista Glenn Greenwald, do jornal britânico The Guardian, que tornou públicas as denúncias de Edward Snowden, participa do debate junto com Jeremy Scahill, autor do livro que deu origem ao documentário.
Guerras Sujas aborda o trabalho de Scahill, que segue o rastro do Comando de Operações Especiais Conjuntas, a mais secreta elite do Exército norte-americano. Amanhã (29), o cineasta argentino Maximiliano Pelosi debate seu filme Uma Família Gay, que será exibido às 16h30 no Centro Cultural Justiça Federal no centro do Rio. O documentário aborda questões que vieram à tona desde que o casamento entre pessoas do mesmo sexo foi regulamentado na Argentina.
“Desde que abrimos nosso escritório no Brasil vínhamos conversando sobre essa parceria com a diretora do festival, Ilda Santiago”, conta o diretor executivo da Anistia Internacional Brasil, Atila Roque. Segundo ele, com a discussão desses temas “o cinema contribui para o fortalecimento não apenas de uma consciência sobre as circunstâncias onde os direitos humanos são violados, mas para a ampliação de uma atitude de solidariedade e defesa dos direitos de todas as pessoas”.
De acordo com Roque, a Anista Internacional espera que a seleção deste ano seja um primeiro passo de uma parceria de longo prazo com o Festival do Rio. “Não excluímos a possibilidade de filmes de ficção, e não apenas documentários, integrarem uma futura seleção.”
A participação e o engajamento de atores culturais sempre estiveram presente na história da Anistia Internacional. “A aproximação se dá com diversas artes, incluindo o cinema, em que já houve parcerias em eventos na Inglaterra e na Holanda”, disse o diretor executivo da organização.
Edição: Talita Cavalcante
Todo o conteúdo deste site está publicado sob a Licença Creative Commons Atribuição 3.0 Brasil. Para reproduzir as matérias é necessário apenas dar crédito à Agência Brasil