Aline Leal
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Pessoas com transtorno bipolar, principalmente homens, têm mais chances de desenvolver uso abusivo e dependência de drogas. É o que conta a presidente da Associação Brasileira de Transtorno Bipolar, Ângela Scippa. Ela explica que na fase eufórica as pessoas tendem a não avaliar riscos e ficam propensas a experimentar coisas novas.
Essa fase também pode trazer compulsões, como por sexo e por compras. “Existe, também, aumento da libido na fase de mania e hipomania [conhecidas como fase de euforia], o que pode gerar aumento da atividade sexual e falta de prevenção em relação à gravidez e a doenças sexualmente transmissíveis. No caso das compras excessivas, ela ocorre devido à hiperatividade, na qual o controle inibitório fica perdido: posso ou não? Devo ou não comprar? Tenho dinheiro para pagar?”, diz Ângela.
Fernando Carvalho*, professor de educação física, relata que desistiu de usar cartão de crédito depois de ultrapassar o limite de compras por algumas vezes. “Não tenho mais cartão de crédito para evitar maiores dores de cabeça. Você acha que pode tudo, que é inatingível, desse jeito é fácil ultrapassar o limite do cartão” conta.
Quando os sintomas da bipolaridade aparecem de maneira brusca, fica mais fácil identificar e tratar. Mas, quando esses sintomas se “arrastam” por anos e surgem aos poucos, fica mais difícil descobrir a doença. Assim, em muitos casos as pessoas adquirem fama de “encrenqueiras” ou de “briguentas”, quando, na verdade, são portadoras da doença.
Ângela explicou que as consequências da doença podem ser diferentes em homens e mulheres. “Embora a prevalência seja igual em homens e mulheres, as mulheres têm maior associação do transtorno bipolar com outros transtornos de ansiedade, como o transtorno do pânico e as fobias e podem apresentar piora significativa dos sintomas durante o período pré-menstrual e puerpério [que se segue ao parto]. Já os homens têm maior tendência ao consumo de drogas ilícitas e de álcool.
*Fernando é um nome fictício já que o entrevistado não quis ser identificado
Edição: Marcos Chagas
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