Pedro Peduzzi
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O relatório sobre a interrupção no fornecimento de energia que afetou nove estados nordestinos em agosto está em vias de ser finalizado, mas depende ainda, segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), de últimas análises para ser apresentado. “Já temos origem, causa e todas as consequências. Faltam ainda algumas análises mais específicas”, disse hoje (11) o diretor-geral do ONS, Hermes Chipp, durante audiência pública sobre o blecaute na Câmara dos Deputados.
A interrupção no fornecimento de energia aconteceu dia 28 de agosto e afetou nove estados nordestinos. De acordo com o ONS, o problema foi devido a uma queimada em fazenda no município de Canto do Buriti (PI). Segundo Chipp, não é necessário que o fogo tenha alcançado as linhas para causar um curto circuito e desligar parcialmente o sistema – no caso, a linha de transmissão Ribeiro Gonçalves-São João do Piauí.
Posteriormente, o circuito foi religado manualmente, mas um novo desligamento ocorreu devido a outro incêndio na mesma região, o que deu dimensão ainda maior ao problema, segundo informou o secretário executivo do Ministério de Minas e Energia (MME), Márcio Zimmermann, também durante a audiência.
“A perda de apenas uma linha do Nordeste não causaria impacto, mas o sistema não é planejado para a perda de dois elementos”, disse o secretário. Ele acrescentou que sistemas complexos, como o brasileiro, precisam constantemente de realimentação e que, em geral, sistemas não são estáveis "ad eternum". Por isso, acrescentou, precisam sempre de melhorias, "apesar de o Brasil possuir uma fonte hidrelétrica privilegiada e conseguir índices de desempenhos acima do que há no mundo".
Zimmerman também informou que, em dois anos, todas as capitais do país estarão conectadas ao Sistema Interligado Nacional (SIN). “Já estamos ligando Manaus e em dois anos será a vez de Boa Vista”.
O diretor-geral da Aneel, Romeu Rufino, acrescentou que há um grande dilema entre modicidade tarifária e investimentos em segurança. Segundo ele, investir em segurança resulta em mais eficiência. “Mas custa mais”, argumentou.
Edição: Denise Griesinger
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