Renata Giraldi*
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Em artigo publicado na revista norte-americana Neurology, especialistas mostram que pilotos que fazem voos em altitudes elevadas correm risco maior de sofrer lesões cerebrais. Os pesquisadores disseram ter avaliado 102 pilotos da Força Aérea dos Estados Unidos, que tripulam aviões espiões U2, e compararam os resultados da pesquisa com os dados de 91 pessoas de várias profissões.
De acordo com o trabalho, os pilotos apresentavam três vezes mais lesões do que o grupo de profissionais de outras áreas. A pesquisa foi feita com homens e mulheres de 26 a 50 anos, submetidos a uma ressonância magnética no cérebro. Com o exame, foi possível medir o número de pequenas lesões do tecido cerebral ligadas a um declínio da memória, que ocorre com outras doenças neurológicas.
O pesquisador Stephen McGuire, da Universidade do Texas, onde se encontra a Faculdade de Medicina Aeroespacial da Força Aérea norte-americana, disse que os pilotos que voam regularmente acima dos 6 mil metros de altitude correm risco maior de descompressão, quando a pressão atmosférica cai a níveis inferiores ao da pressão no interior do corpo, o que provoca a “formação de bolhas”.
Mc Guire disse ainda que a incidência da doença da despressurização entre os pilotos da Força Aérea norte-americana triplicou desde 2006, provavelmente por causa de voos de risco, mais frequentes e mais longos. “Mas, até agora, não encontramos sequelas clínicas permanentes ou declínio da memória do piloto”, acrescentou.
Os sintomas que afetam o cérebro de uma pessoa que sofra da doença da despressurização incluem o abrandamento dos processos de pensamento, bem como confusão ou perda de memória. O número de lesões é o mesmo para os pilotos com antecedentes da doença como para os que não têm qualquer antecedente.
O estudo revelou que as lesões cerebrais entre as pessoas que não são pilotos ocorrem, principalmente, na parte frontal do cérebro, comum no processo de envelhecimento humano. Mas nos pilotos, há lesões em várias áreas do cérebro.
*Com informações da agência pública de notícias de Portugal, Lusa
Edição: Graça Adjuto