Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - A prefeitura de São Paulo anunciou hoje (15) um programa de reforma curricular e administrativa no sistema educacional do município, com a ampliação e o fortalecimento em todos os níveis de ensino. Entre as mudanças propostas está a divisão dos nove anos do ensino fundamental em três ciclos. A reprovação do aluno também passa a ocorrer caso não haja aproveitamento já nos primeiros anos do ciclo.
O Programa Mais Educação São Paulo ainda não está totalmente fechado e, de acordo com o prefeito Fernando Haddad, a prefeitura conta com sugestões que podem ser feitas por meio do site do projeto, onde todos os conceitos da reformulação estão disponíveis para consulta pública até 15 de setembro.
“Vamos abrir o debate nas subprefeituras, nas escolas, delegacias de ensino, que têm a responsabilidade de chamar diretores, professores e pais para que se debrucem sobre o plano e o aperfeiçoem. Certamente surgirão ideias que poderão ser incorporadas. As consultas preliminares que fizemos nos deu muita segurança para lançar o debate dessa maneira”, explicou.
O ensino fundamental será dividido no município em ciclo de alfabetização (1º ao 3º ano), interdisciplinar (4º ao 6º ano) e autoral (7º ao 9º ano), sendo que atualmente a divisão é em dois ciclos.
Além de eliminar a aprovação automática, o modelo proposto determina que sejam feitas avaliações bimestrais e a volta dos boletins com notas de 0 a 10, dos relatórios de acompanhamento e da lição de casa. Para os alunos que não obtiverem sucesso nas avaliações, haverá uma recuperação intensiva nas férias e no período letivo, além da criação de dependências nos 7º e 8º anos, caso o aluno não evolua em determinada disciplina. O objetivo é o de que as mudanças já entrem em vigor em 2014.
No programa municipal, serão incluídas ainda atividades em tempo integral e contato com a escola também no contraturno, em atividades culturais e esportivas. A meta prevê a inclusão de 100 mil estudantes no modelo até o fim de 2016. Além das mudanças no currículo, estão previstas também melhorias na infraestrutura, como a construção de 367 novas unidades para a educação básica e na formação dos professores, com a criação de um sistema próprio com 31 polos da Universidade Aberta. Haverá ainda a contratação de novos educadores.
De acordo com o prefeito, as mudanças contribuem para que os alunos não cheguem aos 8 anos de idade sem estarem plenamente alfabetizados. “Devido à aprovação automática do atual modelo, 38% dos alunos chegaram ao 4º ano sem saber ler e escrever direito. Ou seja, quase metade das crianças. São Paulo está em 35º lugar no ensino na região metropolitana, que tem 39 municípios”.
Haddad ressaltou que há muitos detalhes que podem ser aperfeiçoados e amadurecidos na rede de ensino, como a questão dos ciclos, do fim da aprovação automática e do acompanhamento do aluno. “Se não houver acompanhamento, vai aumentar a repetência e ninguém quer substituir a aprovação automática pela repetência. O que queremos é ter um acompanhamento fino para cada aluno”.
De acordo com o prefeito, o acompanhamento do estudante deve ser diário, para que a rede de ensino consiga cobrir as deficiências observadas ao longo do tempo. “Hoje, nós estamos deixando tudo para o final, e aí não tem mais tempo para recuperar”.
O prefeito disse que a rede de ensino que foi proposta no projeto tem muita energia e condição de responder ao desafio. “Não tenho dúvida de que São Paulo responderá a essa iniciativa. Queremos voltar a cumprir as metas traçadas pelo Ministério da Educação. Se voltarmos para a trajetória que foi desenhada em 2005, teremos êxito”.
Edição: Davi Oliveira
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