ONU condena ataque em Darfur que matou sete capacetes azuis

14/07/2013 - 18h26

Da Agência Lusa

Brasília - O Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) condenou neste domingo (14) o ataque que no sábado (13) matou sete capacetes azuis (militares das forças de paz) da Tanzânia em Darfur, no Sudão, e exigiu do governo de Cartum que abra rapidamente um inquérito e entregue os responsáveis à Justiça.

Numa declaração unânime, os quinze membros do conselho “exprimiram a sua profunda inquietação perante a gravidade do ataque, um dos mais graves contra a Minuad [força conjunta das Nações Unidas e da União Africana], depois do seu envio para a zona”, em 2007.

Eles afirmam que “todo e qualquer ataque ou ameaça contra a Minuad é inaceitável” e exigem que tais ataques não se multipliquem. Reiteram o “apoio total” à missão e exigem a todas as partes que cooperem plenamente com as Nações Unidas.

Os sete capacetes azuis foram mortos, e 17 ficaram feridos, no sábado, no sul da região sudanesa do Darfur, tendo sido o ataque mais mortífero contra a força conjunta ONU-União Africana, que tem mantido a paz na região nos últimos cinco anos.

Entretanto, vários grupos rebeldes do Darfur acusaram uma milícia pró-governamental de ter levado a cabo o ataque que matou os capacetes azuis.

“Não temos qualquer dúvida de que este ato foi cometido por uma milícia pró-governo porque os milicianos estão implantados na área de Khor Abeche”, disse o porta-voz da fação Minni Minnawi do Exército de Libertação do Sudão, Abdullah Mursal.

O ataque foi perto de uma base da missão Minuad em Manawashi, no norte de Nyala, a principal cidade do Darfur, e a 25 quilómetros de Khor Abeche.

“Essa zona é totalmente controlada pelo governo”, insistiu o porta-voz da Minni Minnawi.

O ministério sudanês dos Negócios Estrangeiros, que condenou o ataque, afirmou, por seu lado, que o responsável pelo ataque “é o chamado Exército de Libertação do Sudão”.

O porta-voz do Movimento pela Justiça e Igualdade, um outro grupo rebelde do Darfur, afirmou igualmente que “o governo [deveria] assumir a total responsabilidade pelo incidente” levado a cabo por milícias armadas pelo governo de Cartum.

Vários grupos rebeldes de tribos locais revoltaram-se contra Cartum em 2003, como forma de denunciar o domínio econômico e político das elites árabes, o que provocou um conflito longo e devastador que provocou pelo menos 300 mil mortos e 1,8 milhões de deslocados, de acordo com dados das Nações Unidas. Já o governo de Cartum fala em 10 mil mortos.

Os combates, que tinham diminuído significativamente, foram retomados este ano, principalmente por causa de rivalidades tribais, aponta a Minuad. De acordo com as Nações Unidas, ativistas de direitos humanos, líderes tribais e as forças do governo estão envolvidas nos confrontos.