Bolívia denuncia Portugal, Espanha, França e Itália na ONU

03/07/2013 - 16h25

Da Agência Lusa

La Paz – A Bolívia anunciou hoje (3) que vai denunciar Portugal, Espanha, França e Itália na Comissão dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) por terem fechado o espaço aéreo ao avião do presidente Evo Morales. "Enquanto governo, apresentamos nossas queixas em nível internacional. Já o fizemos na ONU e, nas próximas horas, vamos fazê-lo na Comissão dos Direitos Humanos das Nações Unidas", disse o vice-presidente da Bolívia, Álvaro García, que ocupa interinamente a Presidência.

Em entrevista coletiva em La Paz, García explicou que, com isso, a Bolívia pretende "iniciar um procedimento contra os responsáveis pela violação do direito aéreo, que puseram em perigo a vida do presidente, ao impedir o sobrevoo dos territórios de alguns países europeus, o que não acontece mesmo em tempo de guerra."

Evo Morales, que voltava de uma viagem a Moscou, teve de fazer uma escala forçada de 13 horas em Viena, depois de vários países europeus terem fechado o espaço aéreo ao avião presidencial por suspeitarem que o ex-agente norte-americano Edward Snowden estava a bordo. Snowden é acusado de traição aos Estados Unidos.

Morales deixou hoje Viena, depois de ter permanecido em solo austríaco por 13 horas, aguardando autorização para seguir viagem. Ele vinha da capital da Rússia, Moscou, onde participou de reuniões técnicas sobre exploração e produção de gás.

Em Moscou, Morales havia declarado que a Bolívia estuda a possibilidade de conceder asilo político a Snowden. Algumas horas após o fechamento do espaço aéreo, os quatro países europeus autorizaram o avião de Morales a sobrevoar os respetivos territórios.

Para o governo boliviano, o incidente é parte de um plano orquestrado pelos Estados Unidos, país com o qual a Bolívia mantém um relacionamento difícil.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros português confirmou hoje ter cancelado, por “considerações técnicas”, o sobrevoo de Portugal e a aterrissagem em Lisboa do avião de Evo Morales, na segunda-feira (1º) à tarde.

Em comunicado, o ministério disse que a interdição de sobrevoo do espaço aéreo português foi levantada às 21h10 do mesmo dia, mantendo-se a interdição de aterrissagem “por considerações técnicas”.

O chefe da diplomacia da Bolívia, David Choquehuanca, disse que Portugal recusou o pouso para reabastecimento do avião presidencial por “suspeitas infundadas” de que o ex-consultor da CIA estava a bordo.

Em La Paz, o deputado Galo Bonifaz, da base governista, informou que o Parlamento boliviano vai pedir a expulsão dos representantes diplomáticos da França, de Portugal e da Itália como represália pela interdição de sobrevoo do espaço aéreo ao avião de Morales.

"Amanhã (4), iremos solicitar à Chancelaria [Ministério dos Negócios Estrangeiros] que declare personae non gratae" os diplomatas dos três países, "por respeito aos bolivianos e, acima de tudo, pela vida de um presidente", declarou Galo Bonifaz.

O governo boliviano informou que vai convocar com urgência os representantes diplomáticos da França, da Itália e de Portugal em La Paz para explicar os contornos do incidente com o avião de Morales.

Desde a noite passada, manifestantes concentram-se em La Paz em frente a várias embaixadas para protestar contra os países europeus que se recusaram a abrir seu espaço aéreo ao avião presidencial.

 

A matéria foi alterada às 13h02 do dia 09/07/2013 para correção de informação no quarto parágrafo. Em vez de 13 dias, a informação correta é 13 horas.