Brasil e Rússia buscam entendimentos com outros países por conferência que discuta fim dos conflitos na Síria

12/06/2013 - 0h22

Cristina Indio do Brasil
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – O Brasil e a Rússia têm posições semelhantes para as tentativas de solução dos conflitos na Síria. A avaliação foi feita pelos ministros de Relações Exteriores do Brasil, Antonio Patriota; e o de Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Lavrov depois de uma reunião bilateral, no Hotel Windsor Atlântica , na zona sul da capital fluminense.

O ministro Patriota disse que o Brasil apoia a convocação de uma conferência, que já está sendo chamada de Genebra 2, em referência ao encontro feito naquela cidade suíça em 30 de junho do ano passado. Segundo Patriota, a data para a conferência não foi definida ainda porque, entre outras questões, é preciso decidir como será a participação da oposição síria no encontro.

Além disso, o ministro destacou que o governo brasileiro defende a participação de outros países da região. "Existem divergências no seio da oposição síria, e ainda estão em curso alguns entendimentos com vista a determinar de que maneira ela vai se representar. O Brasil considera, sim, que valeria examinar a possibilidade de incluir outros países, além dos cinco membros permanentes e os países vizinhos ou da região da Síria que têm demonstrado interesse na matéria e capacidade de contribuir para que se chegue a consensos”, disse. “Por uma circunstância que representou uma coincidência, os países-membros do Ibas [Índia, Brasil e África do Sul] estiveram presentes no Conselho de Segurança ao mesmo tempo no ano de 2011. Na nossa percepção aquilo foi um fator positivo para o debate da questão Síria", completou.

Para Patriota, o momento contribuiu para que houvesse uma declaração presidencial que, na época, representou um passo na direção para a convocação da 1ª Conferência de Genebra. O chanceler brasileiro destacou que o Brasil entende que a solução do conflito na Síria não é militar e criticou a participação de países que contribuem para a militarização da questão. "Aliás o comunicado de Genebra 1 incluía a expressão de que não haverá militarização adicional para o conflito sírio. Infelizmente a que nós assistimos não é essa abordagem. Existem países que estão contribuindo direta ou indiretamente para a militarização”, declarou.

O ministro Lavrov saudou a intenção do Brasil de apoiar a realização da conferência, mas ponderou que o principal problema é definir os participantes. "A situação está bastante complexa. Existe uma série de problemas no caminho. O principal é quem participará exatamente, quais serão os membros? Nós vamos saudar a participação do Brasil, mas antes de tudo é necessário concordar com a participação daqueles que estão diretamente envolvidos no conflito e quem influencia nas partes também em conflito. A primeira parte dessa charada está relacionada à parte Síria", analisou.

Lavrov defendeu que o Irã e o Egito estejam presentes no encontro. "Gostaria de dizer que realmente a participação do Brasil somente teria a somar em termos de objetividade, mas em dado momento não foi solucionada a questão sobre os membros internacionais. Nós insistimos em convidar todos os vizinhos da Síria e todos os países e as regiões que influenciam diretamente sobre a questão. Isto seria sem dúvida o Irã e também o Egito, porque todos enxergam o Egito como líder do mundo árabe. A representação dos países árabes sem o Egito não seria completa. Nossos parceiros infelizmente são contrários a este tipo de representação completa na conferência". explicou.

O ministro russo, no entanto, entende que a participação do Irã é polêmica. "O convite ao Irã causa mais polêmica entre todos eles. Ouvimos já argumentos inconsistentes no sentido de que o Irã não colabora com uma abordagem construtiva ao que está acontecendo na Síria, mas entre parênteses, se pode ler que o Irã não quer que o regime mude. É uma crítica feita", disse.

Lavrov criticou ainda a oposição síria que pede mais armas com a justificativa de manter o equilíbrio bélico. "A oposição pede mais reforço de armas para equilibrar a situação. Se isso for atendido, o governo também vai fazer o pedido de mais reforço de armas e criará um círculo vicioso que nunca será interrompido " declarou. Para ele, atender ao pedido da oposição é agir contra os interesses da conferência. "Não é possível ao mesmo tempo chamar a realização de uma nova conferência e, por outro lado, tomar iniciativas que minem a própria ideia da conferência".

 

Edição: Aécio Amado

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