Sem-terra e Movimento LGBT fazem marcha contra a homofobia e pela reforma agrária

15/05/2013 - 13h37

Carolina Gonçalves
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Com cruzes nas mãos e ao som de baterias e gritos de ocupação, os manifestantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) chegaram em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), ao lado de integrantes do Movimento LGBT - Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros. Desde as 9h, os dois grupos, que reúnem representantes de mais de dez estados (o Pará, Minas Gerais, São Paulo, o Paraná e o Rio de Janeiro, entre outros) ocuparam três faixas da Esplanada dos Ministérios, na 4ª Marcha Nacional contra a Homofobia que seguiu até o Congresso Nacional.

Em alguns momentos, a manifestação ocupou todas as seis faixas da via, fazendo com que o trânsito ficasse totalmente parado por alguns minutos. Em frente ao STF, os sem-terra simularam o assassinato de trabalhadores do campo.

O fim da criminalização é a principal reivindicação do movimento, que também defende a reforma agrária. Francisco Moura, o Tito, do MST do Pará e da Frente de Marcha do MST nacional, disse que "a principal bandeira é sobre o massacre em Felisburgo (MG). Queremos o julgamento imediato desse e de todos os crimes".

Segundo Evaldo Amorim, secretário da Associação Nacional LGBT, a manifestação foi organizada há algumas semanas, mobilizando o MST, o Movimento da Maconha e o das Mulheres. "Aqui, o foco do LGBT está na garantia dos direitos do movimento e na defesa do Estado laico. Estamos aproveitando para criticar os fundamentalistas como Feliciano e exigimos a saída dele da Comissão de Direitos Humanos". Para Amorim, as decisões no país hoje estão pautadas por grupos religiosos.

A expectativa é que a manifestação prossiga até o início da tarde, quando as delegações retornam aos seus estados. A travesti Scarlet, que volta para Rui Barbosa (BA), lembrou que seu estado tem alto índice de discriminação, principalmente contra as travestis. "A cada 36 horas, um homossexual é morto na Bahia, falta a aprovação de uma lei que mude isso. As travestis são as que mais morrem, porque ficam mais expostas".

Para Everton Christian Paiva, presidente da Associação Paranaense da Parada da Diversidade, que trouxe 20 pessoas para a marcha, a lei não vai acabar com a discriminação, mas pode inibir os atos de violência contra os homossexuais. "A pessoa vai pensar dez vezes antes. Já tivemos muitos avanços, até quatro anos atrás tínhamos pouco espaço. Hoje, ainda queremos a lei do casamento igualitário e o direito ao nome social das travestis".

Os movimentos que participam da manifestação estimam a presença de 3 mil pessoas. A Polícia Militar acredita que os manifestantes não passem de 4 mil.

Edição: Graça Adjuto

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