Este ano 40 policiais já foram presos em São Paulo por suspeita de participação em homicídios

14/05/2013 - 22h50

Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – Este ano, 40 policiais paulistas já foram presos por suspeita de envolvimento em homicídios. A informação foi repassada aos parentes de vítimas de grupos de extermínio, durante reunião na noite de hoje (14) com o secretário de Segurança Pública de Estado de São Paulo, Fernando Grella. Segundo a secretaria, o encontro foi marcado após protesto dos movimentos sociais no saguão do prédio do órgão, na manhã desta terça-feira.

Caroline Borges, integrante do movimento Periferia Ativa, disse que o combate aos grupos de extermínio, a criação de canais seguros para denúncia e a atuação da pasta para que as famílias das vítimas sejam indenizadas foram as principais reivindicações levadas ao secretário. Segundo ela, também foi pedido mais informações sobre as investigações. “A gente cobrou que tivesse mais transparência nessas investigações, porque até agora nenhuma mãe foi procurada, nenhuma família foi procurada para prestar depoimento”, disse Caroline.

Foi apresentada ainda ao secretário uma denúncia específica sobre a chacina ocorrida no dia 4 de janeiro no Jardim Rosana, zona sul paulistana, quando sete pessoas foram mortas em um bar. Oito policiais militares são acusados de participar do crime.

De acordo com Caroline, a mãe de um dos mortos deu uma versão diferente da oficial sobre o crime. “Ela contou que o filho dela passou pela chacina, mas não foi assassinado na hora. Ele levou um tiro no pé e uma vizinha o acolheu dentro de casa. Ela [vizinha] chamou a polícia para levá-lo até o posto de saúde por ter levado um tiro no pé, e ele chegou no Hospital Campo Limpo com oito tiros, inclusive um na nuca”, declarou.

Por causa disso, segundo Caroline, Fernando Grella marcou uma reunião para a próxima segunda-feira (20) com a participação da Delegacia Geral, da Ouvidoria e da Corregedoria da Polícia. “A gente acha que é uma vitória, porque é a primeira vez que a gente vai sentar com os chefes, com quem é responsável pela corporação”, disse Caroline depois do encontro.

Há quase dois meses os movimentos sociais impediram o funcionamento de uma audiência pública sobre grupos de extermínio na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), no Largo São Francisco, centro da capital. Representantes dos movimentos se revoltarams com a ausência de Grella no encontro. Eles deixaram a audiência, em protesto, e ocuparam por alguns minutos o saguão da secretaria, que fica ao lado da faculdade.

Após o encontro de hoje, a secretaria informou, por meio de nota, que o secretário Fernando Grella, “reforçou a posição de tolerância zero para com abusos” e “reiterou que mantém “canal aberto de diálogo” com as entidades”.

 

Edição: Aécio Amado

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