Velejador Amyr Klink diz que Brasil explora pouco o mar

23/04/2013 - 15h22

Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Conhecer o frio para desfrutar do calor; sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. As frases do velejador Amyr Klink revelam a alma aventureira e paradoxal de um navegador que não teme desafiar a natureza. Com a experiência de quem percorreu os cinco continentes, em cerca de 40 expedições, ele alerta para uma situação que também considera contraditória.

“O Brasil tem muito mar, mas não gosta tanto do mar e não lhe dá muito valor. Temos muitos rios, um mar doce incrível, mas os exploramos muito pouco”, disse ele, que participa, a partir das 14h30 de hoje (22), de um hangout transmitido pelas rádios Nacional de Brasília, Nacional da Amazônia e pelo Portal EBC. Será um bate-papo com os repórteres Bruno Mendes, da equipe de esportes da Nacional de Brasília, e Léo Rodrigues, do Portal EBC.

O velejador, dedicado à causa da preservação dos recursos naturais e do desenvolvimento sustentável, destacou que, ao privilegiar a lógica do transporte rodoviário, o país “destruiu as vias navegáveis que tínhamos, como as da Baixada Santista e do Rio de Janeiro, construindo estradas”.

Ao falar de seus novos projetos, ele informou que está desenvolvendo uma embarcação mais eficiente, que terá capacidade para fazer resgate de longo alcance. “O ano passado foi um ano ruim, de acidentes, e ninguém tem resgate próprio. Os barcos de resgate no conceito convencional, que se pratica nos Estados Unidos, na Alemanha, na Suécia, não têm autonomia para fazer resgate da América do Sul até a Antártica”, disse.

“Procuramos o estaleiro mais importante no mundo e eles não conseguiram [desenvolver a embarcação], então decidimos tocar o projeto. Trata-se de uma embarcação pequena, uma lancha de resgate, mas com autonomia para viagens internacionais. Vamos testar no fim do ano e espero que funcione”, acrescentou.

Ele informou que, em seguida, a expectativa é levar a lancha de resgate para a Amazônia e para os Estados Unidos, onde pretende navegar pela Intracoastal Waterway - a maior via navegável interior do mundo. “Com isso, pretendemos mostrar aos brasileiros o quanto a gente desperdiça e inutiliza nossas vias navegáveis naturais, ao construirmos pontes rodoviárias baixas”, disse.

Natural de São Paulo e filho de pai libanês e mãe sueca, Amyr Klink ganhou notoriedade por suas longas expedições marítimas, que realiza na maioria das vezes de forma solitária. Também é autor de vários livros em que relata as experiências e os desafios enfrentados em suas empreitadas em alto mar. Entre eles estão Mar sem Fim, As Janelas do Paratii e Cem Dias Entre o Céu e o Mar.

Neste último, ele relata sua primeira aventura – na qual atravessou o Atlântico Sul em um barco a remo – e um episódio em que ele conseguiu ter notícias do Brasil por meio da Rádio Nacional da Amazônia.

Para acompanhar a entrevista acesse o site da EBC, sintonize a Rádio Nacional de Brasília (AM 980 KHz) ou a Nacional da Amazônia (OC 11.780 KHz).

 

Edição: Lílian Beraldo

 

Todo o conteúdo deste site está publicado sob a Licença Creative Commons Atribuição 3.0 Brasil. Para reproduzir as matérias é necessário apenas dar crédito à Agência Brasil