Tiuré Potiguara faz greve de fome para que Museu do Índio volte para os indígenas

19/04/2013 - 20h57

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - Durante a audiência pública sobre a Aldeia Maracanã, que ocorre esta noite (19) no auditório da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) no centro do Rio de Janeiro, o indígena Tiuré Potiguara (José Humberto Costa Nascimento), ativista político, considerado refugiado político pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, iniciou uma greve de fome pela reintegração de posse do antigo Museu do Índio pelos indígenas.

Tiuré disse à Agência Brasil que o prédio pertence aos índios brasileiros e o tema integra sua pauta de reivindicações. “Que aquele imóvel seja destinado aos seus verdadeiros donos, que somos nós, os índios brasileiros. Ele nos pertence. Gostaríamos de criar um espaço de universalidade indígena onde a gente pudesse compartilhar com a sociedade a cultura indígena”.

O índio considerou omissa a atuação do governo federal no processo que resultou na expulsão dos indígenas da Aldeia Maracanã, onde está localizado o antigo Museu do Índio. “Omissão é cumplicidade. O governo federal não se pronunciou”. Para Tiuré, a omissão autoriza que sejam cometidas atrocidades contra os índios.

“É como se nós estivéssemos ainda na ditadura. Como se reivindicarmos nossos direitos fosse um crime. Como se nós estivéssemos invadindo propriedade alheia. E é o contrário. Nós estamos sendo invadidos na nossa propriedade”. O antigo Museu do Índio foi criado pelo antropólogo brasileiro Darcy Ribeiro em 1953.

Tiuré Potiguara disse que a greve é, ao mesmo tempo, um ato político contra o tratamento dado pelo atual governo à  questão indígena. “Nós achamos que entramos em um labirinto, tanto em nível administrativo como judiciário e legislativo”.

A greve de fome é por tempo indeterminado. Ele espera também sensibilizar o governo Dilma Rousseff sobre o pedido que fez de reconhecimento de sua situação  como refugiado político. Tiuré foi preso e torturado pela ditadura militar e ficou exilado durante 25 anos no Canadá. Retornou ao Brasil em 2011.

“É esse pronunciamento [reconhecimento da situação de refugiado político] que eu espero do governo, da Comissão de Anistia, da Comissão da Verdade sobre  a questão das atrocidades que foram cometidas durante a ditadura militar contra os índios”.

Edição: Fábio Massalli

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