Competição internacional aprimora e abre mercado para estudantes de engenharia

10/03/2013 - 18h03

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - A Equipe Minerva Baja UFRJ 2, que reúne 22 estudantes de engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), vai participar da 19ª Competição Baja SAE Brasil, que começa no dia 14, em Piracicaba (SP), e tem inscritos 1,6 mil estudantes de engenharia de 68 instituições públicas e privadas de ensino de 17 estados brasileiros e do Distrito Federal.

Introduzida no Brasil em 1994 pela Sociedade de Engenharia Automotiva (SAE Brasil), a competição foi criada na Universidade da Carolina do Sul, nos Estados Unidos, e teve sua primeira edição em 1976. O diretor técnico da competição, Rafael Serralvo Neto, disse à Agência Brasil, que essa edição “é recorde em número de estudantes, de equipes e de instituições inscritas”. A edição deste ano tem 81 equipes inscritas.

O projeto é um desafio para os estudantes de engenharia que têm a chance de aplicar o que aprendem em sala de aula, aprofundando sua formação curricular, ao mesmo tempo em que se prepara para o mercado de trabalho. “Eles procuram aprender a trabalhar em equipe e a desenvolver um veículo dentro de uma norma da SAE”, disse Serralvo. Os vencedores serão conhecidos no encerramento da etapa brasileira, no dia 17 deste mês. A competição tem patrocínio da Petrobras.

Para o capitão da Equipe Minerva Baja UFRJ 2, Matheus Vilche Berlandi, a competição representa uma oportunidade única para os futuros engenheiros do Brasil. “É o melhor jeito de poder aplicar na prática o que vê em sala de aula. prática. A gente usa todos os conhecimentos que vai adquirindo na faculdade em um projeto bem real”. Os alunos participam de todas as etapas de desenvolvimento do protótipo automotivo, desde a elaboração do projeto, até a fabricação e os testes. A equipe desenvolveu dois carros para esta edição.

Berlandi, que é aluno de engenharia de materiais da UFRJ, destacou que essa é uma chance de integrar as várias áreas da engenharia. “O projeto é, basicamente, de engenharia mecânica. Então eu levo bastante da minha engenharia para o projeto e aprendo muita coisa de mecânica também. É uma experiência fantástica”. O fato de o evento ser patrocinado por algumas empresas do ramo abre também para os alunos o mercado de trabalho. Outro aspecto que contribui para isso é que os juízes, em geral, são engenheiros dessas companhias.

As três equipes nacionais primeiras colocadas participam da edição americana, prevista este ano para o mês de junho. Os professores orientadores das equipes vencedoras também participam da corrida internacional. O diretor da SAE Brasil disse que a inscrição recorde “é o reflexo do bom trabalho que foi feito durante esses anos e de eles [estudantes] reconhecerem que é um programa em que vale a pena investir e que dá retorno para os alunos”.

Berlandi informou que muitas montadoras instaladas nos Estados Unidos têm interesse de conhecer novos profissionais e precisam recrutar jovens engenheiros. Daí que existe a possibilidade de se estabelecer uma negociação direta com os os estudantes brasileiros que se destacarem. “Não dá para afirmar se vai ter ou não (a negociação), mas isso acontece”.

Os veículos têm os projetos avaliados, bem como o seu desempenho. São levados em conta o nível de detalhes e o enriquecimento que os alunos conferem aos protótipos desenvolvidos. Para garantir que a potência de todos os carros seja a mesma e que não haja desigualdade entre os concorrentes, o motor é padronizado e não pode ser alterado. Rafael Serralvo Neto esclareceu que fora os requisitos da SAE Brasil, de segurança, tanto de fabricação como de pilotagem, todos os demais componentes e materiais usados nos veículos são livres.

A questão do meio ambiente - emissões de gases poluentes - e o consumo também são avaliados. “Não é simplesmente o carro mais veloz que vai ganhar. Além de ele ir bem na corrida, tem que ir bem também no projeto”. Serralvo observou que, embora o motor dos veículos seja a gasolina, em atendimento ao padrão norte-americano, algumas equipes apresentam soluções em termos de energia renovável para a bateria e os freios, por exemplo, entre as quais o uso de energia solar.

Rômulo Cardoso Oliveira, da equipe SuperBaja Uerj, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), lamentou que as peças para o protótipo não tivessem chegado a tempo, o que inviabilizou a participação na competição deste ano. “Teve um problema no carro, as peças não chegaram a tempo, a montagem não foi concluída. A gente não vai conseguir ir à competição”. A equipe SuperBaja Uerj é composta de 15 estudantes.

Edição: Tereza Barbosa

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