Aline Leal*
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A hanseníase é uma doença curável, mas o início do tratamento pode demorar porque a manifestação dos primeiros sintomas acontece de 2 anos a 5 anos após o contágio. Neste domingo (27), Dia Mundial de Combate à Hanseníase, o dermatologista e professor da Faculdade de Medicina de Botucatu, Joel Lastoria, ressalta que o ideal seria tratar a doença antes de surgirem as manifestações clínicas, na fase em que ainda não ocorre a transmissão.
Lastoria, que também coordena o Departamento de Hanseníase da Sociedade Brasileira de Dermatologia, explica que exame PGL1 pode indicar a doença antes de qualquer sintoma, embora sem confirmação. Relativamente simples, o exame por enquanto só existe em hospitais de referência. Segundo ele, o PGL1 poderia ser feito nas pessoas próximas daquelas com diagnóstico já confirmado, o que agilizaria o tratamento em caso de resultado positivo. “[Nesse estágio, a pessoa] não transmite a doença, o que significa controle total da mesma. Seria realmente o ideal”, diz o especialista.
A hanseníase é uma doença infecciosa que atinge a pele e os nervos, afetando braços, mãos, pernas, pés, rosto, orelhas, olhos e nariz, podendo causar deformações visíveis em casos mais graves. A transmissão acontece com a convivência próxima e prolongada. Os bacilos são eliminados pela pessoa doente, principalmente por meio da respiração. “Felizmente, a maioria das pessoas possui resistência ao microorganismo e não adoece, ou o faz de forma mais benigna, mantendo a doença de forma localizada, e não a transmitem” ressalta Lastoria.
Os sintomas mais comuns são manchas brancas, vermelhas ou marrons em qualquer parte do corpo, com alteração da sensibilidade, caroços, algumas vezes avermelhados e doloridos, perda de sensibilidade ao calor, à dor e ao tato, febre, edemas e dores nas juntas.
O tratamento da hanseníase pode durar de seis meses a um ano e é oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com Jarbas Barbosa, secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, o Brasil registra 1,54 caso da doença para cada grupo de 10 mil habitantes.
“Se reduzirmos a prevalência da hanseníase para menos de um caso para cada grupo de 10 mil habitantes, podemos considerar essa doença eliminada como problema de saúde pública” explica Barbosa, acrescentando que esse índice já foi alcançado nas regiões Sul e Sudeste.
Em 2012, foram detectados quase 29 mil casos novos de hanseníase no país, dos quais 1.936 em menores de 15 anos. Barbosa explica que a orientação dada às equipes do Programa Saúde na Família é examinar os familiares destes menores diagnosticados com a doença. “Se tem uma criança com hanseníase, provavelmente tem algum familiar com a doença ainda não identificada, já que quando a pessoa é identificada e começa o tratamento ela para de transmitir quase imediatamente”.
Dados de 2011 do Ministério da Saúde mostram que a Região Centro-Oeste é a que registra maior número de pessoas diagnosticadas, com 3,75 casos de hanseníase para cada grupo de 10 mil habitantes, seguida pela Região Norte, com 3,49 casos para 10 mil habitantes.
Mato Grosso é o estado com maior incidência, registrando 7,71 casos para cada 10 mil habitantes, seguido pelo Tocantins, com 5,47 casos por 10 mil habitantes. O Rio Grande do Sul apresenta a menor taxa, registrando 0,12 caso da doença por 10 mil habitantes.
* Colaborou Paula Laboissière
Edição: Andréa Quintiere
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