Bruno Bocchini
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Movimentos sociais fizeram um protesto hoje (10) no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp) contra a ação violenta do Estado nas periferias das cidades. Os manifestantes pediram um basta nos homicídios praticados por policiais, principalmente contra a população pobre e negra moradora de bairros periféricos.
“A gente vê os massacres diariamente e grita por um basta, mas os crimes não são investigados, são todos arquivados. As autoridades não assumem que existe, dentro das instituições, grupos de extermínio. Eles não querem admitir que existe uma higienização da pobreza”, diz Débora Maria da Silva, do Movimento Mães de Maio.
Após o ato, os manifestantes, portando bandeiras e cartazes, partiram em caminhada até a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, onde ocorre hoje a entrega do Prêmio Santo Dias. O prêmio, que leva o nome de um operário assassinado durante uma greve em 1979, é entregue anualmente a pessoas ou entidades com atuação em defesa dos direitos humanos em São Paulo. Até o fechamento da matéria a polícia não havia informado o número de participantes do ato.
“A desmilitarização das polícias para nós é um elemento fundamental para resolver o problema. Mas a lógica hoje da Polícia Militar é a lógica de ter um inimigo interno. E o inimigo sempre escolhido são os trabalhadores pobres negros da periferia”, disse Guilherme Boulos, do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, que organizou a mobilização.
Para Douglas Belchior, da União dos Núcleos de Educação para Negros (Uniafro), a violência contra a população da periferia é mostra da continuidade de um processo histórico de um estado racista. “O estado brasileiro é um estado estruturalmente racista e suas políticas têm a sua contaminação. A gente percebe o racismo, tanto do ponto de vista da negação dos direitos, seja na saúde, na educação, seja no transporte - precário nos lugares onde geograficamente a população negra está – seja por meio da ação armada do Estado”, disse.
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo foi procurada pela Agência Brasil para comentar as declarações das entidades e até o momento não respondeu à reportagem.
Edição: Fábio Massalli