Família de primeira paciente beneficiada com sistema home care no DF vive clima de expectativa

11/11/2012 - 16h13

Paula Laboissière
Repórter da Agência Brasil

 

Brasília – Até os 7 anos de idade, apesar das limitações impostas por um problema de saúde detectado após o nascimento, Raphaela dos Santos estudava, brincava e nadava na piscina de casa. No dia 21 de janeiro de 2011, uma parada cardiorrespiratória provocou um quadro de isquemia e, até hoje, a menina vive confinada a uma cama de hospital. Mas a rotina de corredores compridos e janelas sempre lacradas da ala de internação, em breve, terá fim. Raphaela será a primeira paciente de alta complexidade do Distrito Federal a ser beneficiada pelo sistema home care (atendimento continuado em casa).

O governo do Distrito Federal anunciou na semana passada a abertura de 40 vagas para o sistema home care. Até o momento, 18 famílias de pacientes de alta complexidade se candidataram para a transferência.

Nos últimos dois anos, a avó da criança, Carminha Francisca dos Santos, 46 anos, se reveza com o marido e as filhas para acompanhar a menina no Hospital Regional de Santa Maria. Todos os dias, um dos membros da família percorre mais de 100 quilômetros para passar um tempo com Raphaela.

“Pegamos mania de hospital. Temos até nossa escala. Entro por volta das 19h, 20h e saio só no outro dia, no mesmo horário. Dormimos do lado dela. Ela nunca está só. Raphaela estava todos os dias na minha casa e todo o cuidado é pouco”, contou Carminha. Para ela, a expectativa de poder voltar com a criança para casa é a melhor possível. “Preferimos que ela viva no ambiente familiar, longe de riscos de infecção, de bactéria. Aqui no hospital é tudo muito estressante.”

Em casa, Raphaela vai contar com o acompanhamento 24 horas de um técnico de enfermagem e passará por sessões de fisioterapia uma vez por dia, como faz atualmente no hospital. Um médico fará visitas domiciliares uma vez por semana. “Há uma responsabilidade muito grande nisso que estou fazendo. Mas vamos ter Raphaela todos os dias em casa, sem os transtornos de hospital. Sou uma pessoa sorridente porque, se não fosse assim, pirava. Não é fácil essa rotina de hospital”, relatou a avó.

Em casa, todos os ajustes foram feitos para receber a menina. A antiga sala de estar, grande, foi dividida para abrigar o quarto da criança. Não há paredes de tijolos, apenas vidros, decorados com borboletas e flores, para que Raphaela possa ser vista da cozinha, da sala de TV e mesmo do quintal. A família providenciou a instalação de diversas tomadas para que os equipamentos que mantêm a menina viva possam ser ligados, um aparelho de ar condicionado e também uma pia, para a higienização dos profissionais de saúde que forem atendê-la.

“Não há uma data para a transferência ainda. A Secretaria de Saúde fala em dez dias, mas acho pouco. Espero que até o final do mês ela volte para casa. Pelo menos o Natal é certo que ela passe em casa. Vai ser um dos melhores Natais”, disse a avó.

 

Edição: Lílian Beraldo