Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A Comissão Nacional da Verdade (CNV) prepara, para os próximos dias 16, 17 e 18, uma série de atividades no interior do Pará para averiguar questões relativas à Guerrilha do Araguaia, ocorrida nas décadas de 1960 e 1970. O grupo vai analisar, por exemplo, a atuação da etnia Suruí, que atualmente vive na Terra Indígena Sororó. Há controvérsias sobre a participação da etnia na guerrilha, pois existem informações sobre a exploração de indígenas deste grupo pelos militares e de sacríficos das vítimas.
O assunto pode ser discutido na reunião de amanhã (5) da Comissão Nacional da Verdade, em Brasília. A reunião deve durar todo o dia e engloba uma série de temas, desde a missão no Pará até uma audiência pública, que ocorrerá no dia 6, na Universidade de Brasília (UnB) sobre o educador Anísio Teixeira.
Ex-reitor da UnB, Anísio Teixeira foi cassado pelo golpe militar de 1964 e morreu em circunstâncias suspeitas no Rio de Janeiro, em 1971. No dia 6, a CNV e a Comissão da Verdade da universidade promovem um debate sobre o assunto.
E, pela segunda vez, a CNV irá ao interior do Pará para conversar com os indígenas da etnia Suruí. Os líderes da etnia querem a criação de uma comissão da verdade local, pois há referências à possibilidade de os indígenas terem sido forçados pelo Exército a cooperar no combate à guerrilha. Em outubro, os líderes dos suruís pediram o apoio da CNV.
Também no interior do Pará, a CNV deve se reunir com o Grupo de Trabalho Araguaia, criado em 2009, que trabalha na localização e identificação dos corpos dos desaparecidos na Guerrilha do Araguaia. O grupo é formado por integrantes dos ministérios da Defesa e da Justiça e da Secretaria de Direitos Humanos, além de antropólogos, geólogos, cartógrafos e especialistas em logística, assim como observadores do PCdoB, do governo do Pará e parentes dos mortos e desaparecidos.
Edição: Nádia Franco