Amorim classifica de "anacrônica" composição do Conselho de Segurança da ONU

08/10/2012 - 21h12

Aline Leal
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O ministro da Defesa, Celso Amorim, criticou hoje (8) a disputa entre potências no Oriente Médio e classificou de "anacrônica" a atual composição do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). Essa composição é, em grande parte, responsável pela incapacidade de atuação efetiva do conselho na atual crise da Síria, disse Amorim na 10ª Conferência de Ministros da Defesa das Américas, em Punta del Este, no Uruguai.

Amorim defendeu a adoção de novas premissas para a cooperação na área da defesa entre os países americanos. Para o ministro, a cooperação poderá se tornar mais efetiva se for capaz de reconhecer as diferenças de situação geopolítica e geoestratégica entre as várias regiões do continente americano. “A verdadeira solidariedade entre os países das Américas passa pelo respeito à pluralidade de nossas  circunstâncias.”

O ministro falou também sobre a necessidade de os países americanos aumentarem a cooperação no sentido de reconstruir o Haiti. “Gostaríamos de contar com o apoio dos demais países das Américas – especialmente Canadá e Estados Unidos – e também do BID [Banco Interamericano de Desenvolvimento], para reunir os recursos ou contribuições materiais para levar adiante esse projeto”, disse Amorim, referindo-se à construção da Hidrelétrica Artibonite 4C, iniciativa para a qual o Brasil já contribuiu com US$ 40 milhões, e que poderá resolver um dos mais graves problemas enfrentados pelo país caribenho, que é a falta de energia.

No discurso, Celso Amorim condenou o isolamento de Cuba e defendeu que a conferência registre a reivindicação da posse das Ilhas Malvinas pela Argentina. Ele destacou também a importância de ser reconhecida a zona de paz e cooperação do Atlântico Sul e seu caráter livre de armas nucleares como ”gesto de criação de confiança entre os estados das Américas.”

O ministro discorda da proposta de as Forças Armadas atuarem no combate ao narcotráfico, embora respeite os países que adotam este caminho. “O Brasil não pode associar-se a propostas de fazer com que a destinação primária das Forças Armadas seja voltada para o combate ao narcotráfico", disse ele. “Não concordamos com isso, embora respeitemos as circunstâncias daqueles países, ou grupos de países, que realizam escolhas distintas. De nossa parte, continuamos a ter sérias dúvidas sobre a pertinência dessa atribuição de funções não típicas do estamento militar”, acrescentou.

A 10ª Conferência de Ministros da Defesa das Américas, que reúne delegações de 34 países das Américas, foi aberta hoje e vai até quarta-feira (10).

Edição: Nádia Franco