Gurgel relativiza declarações de Valério e lembra que nada mais pode ser incluído no processo do mensalão

17/09/2012 - 16h50

Débora Zampier
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, disse hoje (17) que as declarações do publicitário Marcos Valério, réu do processo conhecido como mensalão, devem ser analisadas “com muito cuidado”. No último fim de semana, a revista Veja publicou supostas revelações de Valério a amigos indicando que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sabia do esquema de compra de votos de parlamentares.

“Esse tipo de declaração, no momento em que acontece, no momento em que já se vê a síntese das condenações [no julgamento da ação], temos que analisar com muito cuidado”, disse Gurgel, ao chegar ao Supremo Tribunal Federal (STF), no início desta tarde, para a vigésima quarta sessão do julgamento do mensalão.

De acordo com o procurador, o Ministério Público Federal (MPF) está concentrado na conclusão do julgamento da Ação Penal 470 e, mesmo que as afirmações de Marcos Valério sejam procedentes, os fatos novos não poderiam ser inseridos neste processo.

O procurador lembrou ainda que, como não tem mais cargo que motive foro privilegiado, o ex-presidente Lula só poderia ser investigado e julgado no aparelho jurídico de primeira instância. Para Gurgel, apesar de “importantes”, as colocações atuais de Valério não são suficientes para um novo inquérito e é preciso “dar mais consistência” ao que o publicitário diz.

“Não se sabe exatamente que tipo de jogo está sendo feito neste momento. [Marcos Valério] É uma pessoa que, ao longo de toda a participação dele neste processo, deixou claro que é um jogador. É preciso ver que tipo de jogo está sendo feito”, analisou Gurgel.

O procurador ainda disse que vai insistir para que, em caso de condenações, as sentenças sejam cumpridas imediatamente. Perguntado se irá pedir o passaporte dos envolvidos para evitar fugas, Gurgel disse que “isso é até menos do que o requerimento de prisão”.

Edição: Lana Cristina