Fernando César Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Curitiba – O pedido de dissídio coletivo protocolado hoje (13) pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) contra a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios, Telégrafos e Similares (Fentect) terá uma primeira audiência de conciliação na próxima quarta-feira, às 10h30, na sede do Tribunal Superior do Trabalho (TST), em Brasília. O processo foi distribuído para a vice-presidente do TST, ministra Cristina Peduzzi.
Na petição, os Correios pedem que o tribunal declare abusiva a greve da categoria, iniciada na última terça-feira (11) no Pará e em Minas Gerais. A empresa pede também a concessão de liminar para suspender de imediato a greve ou a determinação de que ao menos 80% dos trabalhadores continuem em seus postos em cada unidade operacional.
"Necessário se faz que o TST a declare [a greve] abusiva e autorize a suscitante [Correios] a proceder aos descontos dos dias parados nos contracheques dos empregados que participaram do movimento paredista e determine o retorno imediato dos trabalhadores aos seus postos de trabalho", diz trecho da ação movida pela empresa.
No documento, os Correios argumentam que a greve colocaria em risco a entrega, por dia, de 33,9 milhões de objetos simples, de 830,6 mil cartas registradas e de 835,2 mil encomendas. Os Correios alegam ainda que a paralisação "causaria transtorno" à entrega de livros didáticos e ao transporte das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e das urnas eletrônicas, que serão utilizadas nas eleições municipais do próximo dia 7 de outubro.
"Nossa assessoria jurídica ainda está fazendo uma análise dessa peça, mas as assembleias da próxima terça-feira irão acontecer e uma greve nacional não está descartada", disse James Magalhães de Azevedo, secretário de imprensa da Fentect, em entrevista à Agência Brasil. "A tendência é a de que todos os 35 sindicatos façam assembleia no mesmo dia. Se a empresa acha que esse recurso ao TST vai impedir a greve, os trabalhadores podem mostrar que ela está enganada."
O comando de negociação da Fentect reivindica 43,7% de reajuste, R$ 200 de aumento linear e piso salarial de R$ 2,5 mil. Quatro sindicatos dissidentes (São Paulo, Rio de Janeiro, Tocantins e Bauru), que se desfiliaram da federação, reivindicam 5,2% de reposição, 5% de aumento real e reajuste linear de R$ 100.
O salário-base inicial de carteiros, atendentes comerciais e operadores de triagem e transbordo é R$ 942. A direção dos Correios ofereceu 5,2% de reajuste, que seria aplicado aos salários e a benefícios como o vale-alimentação.
Edição: Fábio Massalli