População do DF reclama da falta de polícia na rua contra violência

29/08/2012 - 18h02

Da Agência Brasil

Brasília - Após o anúncio de que a Força Nacional de Segurança Pública vai reforçar o combate à violência  e aos crimes no Distrito Federal (DF), a Agência Brasil foi às ruas para saber a opinião da população sobre a segurança na capital federal. Os relatos foram de reclamação sobre a abordagem feita por policiais, principalmente a jovens na periferia das cidades, e também da falta de policiamento ostensivo.

"A Força Nacional atuou durante uns seis meses no Jardim Ingá, cidade onde moro, e senti uma redução da violência. Os bandidos ficam assustados com a presença de mais policiamento. Mas, apesar da presença da Força Nacional trazer maior sensação de segurança, eu não concordo com a abordagem de alguns desses policiais. Não são todos, mas a maioria já chega achando que todo mundo é bandido. Seria melhor se eles fossem menos brutos. Espero que a presença deles aqui no DF reduza a violência", disse o operador comercial, Luís Pereira de Araújo, de 22 anos.

Para a farmacêutica Marilene Sandim de Castro, 60 anos, a criminalidade não deve diminuir com o  apoio dos agentes da Força Nacional. "A violência aumentou muito nos últimos anos. Acho que a razão disso é porque divulgam que o poder aquisitivo do brasileiro aumentou, o que não é verdade. As taxas de desemprego continuam altas, a educação está horrível e não temos saúde de qualidade. A facilidade para adquirir as coisas aumentou, mas o poder aquisitivo continua o mesmo. Eu não acredito que a presença da Força Nacional vá melhorar a segurança aqui no DF.”

Na opinião do estudante, Philipe Almeida Barbosa, 20 anos, que veio de Minas Gerais, os homens da Força Nacional deveriam ajudar no patrulhamento nas ruas e não somente reforçar a segurança nas vias de saída da capital federal. "Desde que cheguei, estou morando em Taguatinga [cidade administrativa], e já tentaram me assaltar quatro vezes. Há dois anos, frequento o Plano Piloto [centro da capital] e noto diferença na segurança das duas cidades. Aqui em Brasília é mais tranquilo, sobretudo nas principais avenidas, tem mais patrulhamento. Acho que a presença da Força Nacional só nos limites do DF é uma medida segregacionista, já que protege a população daqui, mas exclui a do Entorno [região formada por municípios goianos que estão sob influência econômica do DF] .”

"Eu notei um aumento da violência nos últimos anos. Moro no Paranoá [cidade administrativa], e lá a violência está bem maior que aqui em Brasília. Eu nunca fui assaltado, mas já presenciei tiroteios em festas. O governo virou as costas para as comunidades carentes. Os jovens não têm oportunidades e acabam indo para o crime. É preciso intensificar a segurança e dar mais oportunidades aos jovens", disse o também estudante Matheus Pereira, de 18 anos.

Juliana de Andrade Santos, 29 anos, cobra mais policiais nas ruas. "A Força Nacional vai trazer maior segurança para a população do DF, mas não será 100% eficaz. A segurança tinha que ser feita para todos e não somente para a população daqui. Eu moro em Planaltina de Goiás [região do Entorno] há seis anos, e lá a violência toma conta. A população não se sente segura. Com a greve da Polícia Civil, por exemplo, a violência aumentou. Os crimes são cometidos mais por jovens, que não tem ocupação. O governo deveria promover medidas para ocupar os jovens, além disso, deveria haver mais policiamento [em todas as cidades]", disse a jovem, que está desempregada.  

"A Força Nacional vai trazer maior segurança, mas o problema não vem só de fora. Aqui em Brasília, há muitas pessoas morando nas ruas, muitos dependentes de drogas. O viciado é, muitas vezes, quem comete os crimes para sustentar o vício. Eu moro em Ceilândia [cidade administrativa] há quatro anos, e apesar do histórico de grande de violência [na cidade], eu percebi que tem melhorado bastante. Para melhorar a segurança do DF, tinha que haver maior distribuição de renda, melhorar a vida da população. Enquanto existir pessoas que não têm emprego [ou outra ocupação saudável], a tendência é seguir o crime", avaliou Didácio Azevedo Soares Junior, 43 anos, engenheiro civil.  

A vendedora Thuanny Rocha, 23 anos, também defende intensificação do policiamento nas ruas. O cozinheiro Leonardo Gonçalves, que já foi roubado, compartilha da mesma avaliação: "Eu acho que esse tipo de operação da Força Nacional não vai ajudar muito a combater a violência no Distrito Federal, eles precisam combater o crime dentro das cidades."

Edição: Carolina Pimentel