Carolina Gonçalves
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A estiagem que atinge o Semiárido e norte baianos nos últimos meses já começou a afetar as cidades com mais de 100 mil habitantes no estado. A Coordenação Estadual de Defesa Civil da Bahia informou hoje (23) que Vitória da Conquista, terceiro maior município baiano, já sofre com racionamento de água.
“Tivemos chuvas em algumas regiões, mas não foi suficiente para dar volume nas aguadas [cavidades feitas para armazenamento de água para homens e animais], nem para mudar os níveis das barragens. E grandes cidades do interior, como Vitória da Conquista, dependem desses níveis para o abastecimento”, explicou Luciana Silva Santos, Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza na Bahia.
Segundo Luciana, até agora, os agricultores eram os maiores impactados “principalmente com a perda do rebanho, não só de pequenos produtores de caprinos e ovinos. Não tem água, nem ração, porque não tem capim e nem as palmas que estavam sendo usadas como alternativa para ração”. No estado, 242 municípios estão em estado de emergência. Mais seis já são considerados em estado de risco pelo estado, mas ainda não tiveram a situação reconhecida pelo governo federal.
Luciana Santos explicou que algumas medidas estão sendo adotadas, como a venda de milho, pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a preços “de balcão” para alimentar os animais e que garantem algum grau de umidade para pequenos rebanhos. Além disso, estão sendo usados recursos federais para enviar carros-pipa e alimentos para áreas rurais.
“Selecionamentos os primeiros 200 municípios que decretaram emergência no início de maio. Já foi liberada a distribuição de 2 mil toneladas de feijão e mil toneladas de arroz. Claro que não dá para atender aos 2 milhões de pessoas afetadas. Estamos priorizando as famílias com crianças de até 2 anos ou que tenham mulheres grávidas ou que estejam amamentando”, disse.
Enquanto falta água no interior, a chuva vem maltratando a população da região metropolitana de Salvador desde a última sexta-feira (18). De acordo com a assessoria da Defesa Civil da capital soteropolitana, 540 áreas estão em risco. Estima-se que 100 mil pessoas morem nesses locais.
“A expectativa é que chova menos a partir de agora. Mas, a Defesa Civil continua em alerta. O período de chuva é até junho, apenas não sabíamos a proporção de chuva que cairia. Um dos dez pluviômetros distribuídos pela cidade, no bairro do Cabula, mostrou que o índice de chuva, desde o dia 17, chegou a 372,9 mililítros (ml), enquanto esperávamos 349,5 ml em todo o mês”, informou a assessoria.
Até o momento, a Defesa Civil de Salvador registrou mais de mil solicitações de emergência, como alagamento de áreas, desabamento de imóveis, ameaça de desabamento, queda de árvores e desabamento de terra. A maioria das ocorrências foi deslizamento de terra e as áreas com maior número de solicitações foram São Marcos, Pau de Lima, Sussuarana, Bairro da Paz, Grotas, Tancredo Neves, Alto da Terezinha, Canabrava e Fazenda Grande.
A assessoria do órgão informou que já foram cadastradas 99 famílias que tiveram suas casas atingidas e distribuídos mais de 16 mil metros quadrados de lonas que são colocadas nas encostas para evitar deslizamento de terra, onde vivem outras 193 famílias.
Edição: Fábio Massalli