Deputados ainda alegam dificuldade para consultar arquivos da CPMI do Cachoeira

10/05/2012 - 12h16

Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Mesmo após o aumento da estrutura da sala de acesso restrito da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira, os deputados continuam reclamando da dificuldade de pesquisar os inquéritos das operações Monte Carlo e Vegas, que estão disponíveis nos dez computadores da CPMI.

As duas operações investigaram o empresário goiano, Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, acusado de envolvimento em jogos ilegais e de comandar uma organização, com a participação de agentes públicos e privados, entre eles, políticos, como o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO).

De acordo com o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), os documentos da Operação Monte Carlo, fornecidos pela 11ª Vara Federal, em Goiânia, estão dispostos em formato de imagem, que não permite buscas de nomes.

O deputado disse ainda que, ao analisar os arquivos da Operação Vegas, que chegaram à CPMI, por meio do Supremo Tribunal Federal, não encontrou as degravações das interceptações telefônicas, citadas, segundo Sampaio, pelo delegado Raul Alexandre Marques de Souza, em seu depoimento à CPMI na última terça-feira.

"Ele disse que foram gravadas mais de mil horas de conversas a partir do ano de 2009. Só encontrei degravações de 2011. Se estão em um anexo, esse documento ainda não foi disponibilizado aos parlamentares", disse Sampaio. A mesma reclamação foi feita pelo deputado Onyx Lorenzzoni (DEM-RS).

As dúvidas levaram o PSDB a pedir aos delegados da Polícia Federal Raul de Souza, que coordenou a Operação Vegas, e Matheus Mela Rodrigues, coordenador da Operação Monte Carlo, que verificassem a documentação em poder da comissão. Hoje (10), pela manhã, antes do início dos depoimentos da CPMI, eles analisaram os documentos, no entanto, não informaram ainda se faltam partes de inquérito.

A sala secreta da CPMI foi instalada com o objetivo de tentar conter vazamentos dos documentos recebidos da Justiça. Inicialmente, essa sala era equipada com três computadores destinado às consultas dos integrantes da comissão. Houve muita reclamação e o presidente da CPMI, senador Vital do Rêgo, decidiu ampliar a estrutura com a instalação de sete computadores. No entanto, as reclamações continuaram, pois os dois inquéritos somam, segundo a CPMI, 15 mil páginas de processo.

Ontem (9), o PSDB pediu ao STF o fim do segredo de Justiça sobre o inquérito. O pedido endereçado ao relator do caso no Supremo, ministro Ricardo Lewandowski, alega o princípio da publicidade e que a maior parte das informações já foram publicadas em sites. Os tucanos argumentaram ainda que o interesse público deve se sobrepor à confidencialidade dos autos.

Não há decisão do STF sobre o assunto. Hoje, a reunião da CPMI está marcada para ocorrer de forma secreta. A comissão ouvirá o delegado Matheus Rodrigues e os dois procuradores que atuaram na apuração Daniel de Rezende Salgado e Léa Batista de Oliveira.

Edição: Talita Cavalcante