Para presidente da Embrapa, precipitação política atrapalhou uso de mamona na produção de biodiesel

18/03/2012 - 17h30

Danilo Macedo e Carolina Gonçalves
Repórteres da Agência Brasil

Brasília - Cerca de quatro anos após o governo estimular intensamente a produção da mamona e do pinhão-manso para fabricação de biodiesel, como forma de resolver o problema de renda dos produtores do Semiárido nordestino, o projeto ainda não vingou. Segundo Pedro Arraes, presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), houve uma precipitação em se lançar programas antes de um estudo completo sobre a viabilidade econômica, de sustentabilidade e social, além de pesquisas mais avançadas.

“A velocidade da política nem sempre é a velocidade da técnica”, disse. Para Arraes, as políticas públicas precisam respeitar o tempo da pesquisa. “Não acredito que seja má intenção, é a vontade de resolver um problema. A Embrapa é vendedora de sonho. Então, às vezes a gente vai ao local e fala com uma plateia e a pessoa toma aquilo como pronto e já vira verdade, e não é feito estudo econômico, de sustentabilidade, social”.

No caso da mamona, ele explicou que um dos problemas foi a falta de capacitação dos pequenos agricultores para tirar a toxidade da planta. “Falaram assim [para os agricultor]: você planta mamona que vai produzir. Não se combinou com os maiores atores, que são os pequenos produtores. Às vezes, essas políticas vêm de cima, como se tudo tivesse resolvido, e não está”, acrescentou.

No caso do pinhão-manso, o problema se repetiu. “Trouxeram uma planta que é silvestre e disseram que ia resolver o problema do Brasil. Tem gente que plantou 2 mil hectares e está abandonada. Não trabalharam a qualidade do óleo, a maturação dela [da planta] é totalmente desuniforme, como vai colher isso aí?, indagou Arraes.

Um exemplo de programa bem estruturado, segundo ele, é o do dendê para a produção de óleo. “Esse é um programa que nasceu com política de crédito associada à técnica e ao zoneamento”, disse. Segundo o presidente da Embrapa, os produtores de dendê da Região Norte se associaram e fecharam contratos com empresas que se comprometeram a comprar todo o produto.

 

Edição: Aécio Amado e Juliana Andrade