Argentina quer retaliar importações do Reino Unido por causa das Ilhas Malvinas

28/02/2012 - 23h20

Monica Yanakiew
Correspondente da EBC na Argentina

Buenos Aires – A ministra da Indústria da Argentina, Débora Giorgi, pediu a gerentes e presidentes de pelo menos vinte empresas nacionais e multinacionais que deixem de comprar produtos do Reino Unido e passem a importá-los de outros países que reconheçam a soberania argentina das Ilhas Malvinas. A informação foi divulgada nesta terça-feira pela Telam, a agência de notícias oficial argentina.

No ano passado, a Argentina importou US$ 614 milhões do Reino Unido, 40% a mais do que em 2010. Ainda assim, os argentinos registraram um saldo favorável de US$ 104 milhões na balança comercial com os britânicos. A proposta de Giorgi foi motivada mais por razões políticas do que econômicas.

Faltando um mês para os 30 anos da Guerra das Malvinas, cresce a tensão entre o Reino Unido e a Argentina. No sábado passado, o governo da província argentina da Terra do Fogo impediu que dois navios do Reino Unido ancorassem no Porto de Ushuaia. As duas embarcações faziam um cruzeiro, com paradas no Brasil, nas Malvinas, na Argentina e no Chile.

Nesta terça-feira o ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, Jeremy Browne, reagiu à proibição dizendo que foi “totalmente injustificada”. No mesmo dia, o músico britânico Roger Waters, fundador do grupo de rock Pink Floyd, tomou as dores da Argentina. No Chile, onde fará uma apresentação, Waters deu entrevista criticando a decisão da primeira-ministra britânica Margaret Thatcher de enfrentar a Argentina, em 1982, pela posse das Ilhas Malvinas.

Este ano, a tensão diplomática aumentou quando o Reino Unido decidiu enviar o príncipe William para treinos militares nas Malvinas. Os argentinos consideraram uma provocação as operações militares as vésperas dos 30 anso da guerra.

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, chamou os argentinos de “colonialistas” porque, segundo ele, querem recuperar as ilhas sem levar em consideração a vontade dos 3 mil moradores, que querem ser governados pelo Reino Unido. Desde o fim da guerra, o governo britânico fez investimentos no território. Construiu uma base militar e rodovias e investiu na exploração da pesca e do petróleo.

 

Edição: Rivadavia Severo