Alunos denunciam agressões da Polícia Militar e da Guarda Universitária na USP

09/01/2012 - 21h22

Bruno Bocchini
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – O Sindicato dos Trabalhadores da Universidade de São Paulo (Sintusp) e alunos da instituição denunciaram hoje (9) abusos da Polícia Militar e da Guarda Universitária dentro do campus Butantan, na zona oeste de São Paulo.

Na manhã de hoje, estudantes que ocupavam o antigo prédio do espaço de convivência da USP, nas proximidades do Museu de Arte Contemporânea (MAC) postaram no Youtube um vídeo mostrando uma série de agressões do sargento da Polícia Militar (PM) do estado de São Paulo, André Luiz Ferreira, contra Nicolas Menezes Barreto, aluno de Ciências da Natureza na Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP Leste, que estava no local. A reitoria reivindica o espaço para a realização de uma reforma. Os estudantes relutavam em deixá-lo, afirmando ser um dos últimos espaços destinado ao convívio dos estudantes que moram dentro do campus.

Segundo o comando da polícia, a PM foi chamada ao local para tentar convencer os estudantes a deixarem o local pacificamente. O comando desaprovou o comportamento do sargento e o afastou de suas funções.
Após conversar com alunos presentes no local, o policial pede que o estudante se identifique. O aluno diz que estuda na universidade, mas não apresenta sua identificação. O militar então puxa o estudante por cima de um balcão, e começa a dar safanões. Saca uma arma automática, aponta para o aluno e depois a guarda. O policial joga o estudante para fora do prédio e dá um tapa no aluno. Os demais estudantes presentes intervêm e acusam o policial de abuso de autoridade. Nicolas Menezes Barreto apresentou posteriormente sua identificação de aluno da USP.

“Eles não têm nenhum tipo de mandato, nenhum tipo de ordem judicial, absolutamente nada. O que a Guarda Universitária nos disse é que eles [policiais e guardas] estavam fazendo isso a mando do reitor. Mais uma ação de truculência da Polícia Militar. Isso acontece nas periferias, nas favelas, e agora aconteceu dentro da universidade pública. Uma ação de repressão política amparada pela Guarda Universitária, e mostra a que veio a polícia na USP”, disse o estudante de letras Rafael Alvez, que presenciou a ação da PM.

De acordo com o diretor do Sintusp, Aníbal Cavali, a polícia e a guarda universitária têm reprimido estudantes desde o início da presença da PM no campus. “Fica claro que já é uma sequência de uma ação que vem se intensificando a cada dia aqui na universidade. A universidade usando a força policial para estar reprimindo os estudantes nos seus espaços estudantis, e isso é uma forma de limitar aos estudantes que façam suas contestações”.

A estudante de matemática da USP, Ana Paula de Oliveira, disse à reportagem que na última sexta-feira também foi agredida, no mesmo local, por guardas universitários. “Eles estavam querendo fechar [o prédio], eu fui para fotografar eles tirando as coisas de lá de dentro, sem mandato, sem nada. A guarda estava sendo acompanhada pela polícia. Eu entrei lá dentro e comecei a tirar fotos da ação da guarda. Um guarda passou o pé em mim, e eu acabei caindo no chão. Aí eu levantei, no que eu levantei a porta estava aberta, quatro guardas abaixaram a porta e a porta acabou caindo nas minhas costas”.

Segundo Ana Paula, grávida de cinco meses, todos os guardas estavam sem identificação, fardados, e de luvas de látex. A estudante, acompanhada de um diretor do Sintusp, registrou Boletim de Ocorrência.
Por meio da assessoria de imprensa, a USP disse que não iria se manifestar sobre o ocorrido.

 

Edição: Rivadavia Severo