Programa de transferência de renda do Rio tem impacto positivo no desempenho escolar de crianças

05/12/2011 - 15h59

Flávia Villela
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – Com um ano de existência, o programa de transferência de renda Família Carioca, da prefeitura do Rio, teve impactos positivos no desempenho escolar de mais de 118 mil alunos de 6 a 17 anos de escolas municipais. A constatação consta de uma pesquisa divulgada hoje (5) pela Fundação Getulio Vargas (FGV), que idealizou e acompanha o programa.

Três meses depois da implantação do Família Carioca, os alunos beneficiados tiveram aumento de média de cerca de 20 décimos a mais do que os estudantes que não recebem o benefício, nas matérias de matemática e ciências. Além disso, os pais que fazem parte do programa compareceram duas vezes mais às reuniões de pais do que os que não o recebem.

De acordo com o coordenador do estudo, Marcelo Neri, os resultados positivos podem ser explicados pela exigência da participação de pelo menos um dos responsáveis nas reuniões bimestrais na escola, sob pena de perder o auxílio e pela premiação de um bônus de R$ 50 para os alunos que melhorarem o desempenho das notas ao longo do bimestre.

“Trata-se de um programa meritocrático, procura chegar aos mais pobres dos pobres e dar prêmios para a melhora escolar desses alunos. Essa melhora pode incentivar o uso de outros prêmios como para o bom desempenho na Prova Brasil ou na Prova Rio.”

No entanto, a pesquisa identificou que não houve melhora no desempenho na disciplina de língua portuguesa. “Os beneficiários do programa não melhoraram suas notas em português. E esse é um resultado que precisa ser estudado para se entender o porquê, pois é preocupante”.

O Família Carioca é um complemento do Bolsa Família, do governo federal, e pretende retirar da pobreza 100 mil famílias atendidas com verbas municipais. Os investimentos são da ordem de R$ 130 milhões por ano, com investimento mensal de R$ 108 por pessoa.

O levantamento identificou que alunos órfãos, sobretudo de mãe, têm 21% menos chances de participar do programa. “Essas crianças, embora sejam mais pobres, estão menos presentes no programa. Por isso, o estudo propõe um mecanismo de busca ativa dessas crianças nas escolas, que são 20% dos alunos”.

A maioria dos beneficiários é composta de mulheres (96,26%), sendo que 73,25% são solteiras, com ensino fundamental incompleto (67,27%). As famílias são compostas de três a cinco pessoas em média (80%), 42,34% estão fora do mercado de trabalho e 30,33% são trabalhadores informais.

A pesquisa não observou resultados significativos na obrigatoriedade de que as crianças frequentem 90% das aulas. A frequência dos alunos que recebem auxílio do Família Carioca é um pouco maior daqueles que não recebem o auxílio. O acompanhamento dos alunos é feito a cada dois meses por meio dos resultados de provas de português, matemática e ciências.

Edição: Lana Cristina