Aumento da farinha de trigo acima da inflação não é repassado para o preço do pão francês

14/10/2011 - 19h59

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - Pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas mostra que o consumidor brasileiro tem o que celebrar no próximo domingo (16), quando será comemorado o Dia Mundial do Pão, com distribuição gratuita do produto em várias partes do país.

A pesquisa, divulgada hoje (14), constatou que apesar do aumento de 12,44% no preço da farinha de trigo, nos últimos 12 meses, o pão francês permaneceu abaixo da inflação média de 7,14%, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Brasil (IPC-BR) entre outubro de 2010 e setembro de 2011. A evolução no preço do pão francês no período foi 4,35%.

O economista André Braz, da FGV, disse à Agência Brasil que isso é positivo porque o pão francês tem um peso significativo no orçamento familiar. “Quase 1% do orçamento familiar é gasto com esse tipo de pão, e ele foi o que menos subiu nos últimos 12 meses”.

Braz esclareceu que existem outros efeitos que neutralizam a passagem do aumento da matéria-prima para o consumidor. “Uma das hipóteses está na concorrência. Na realidade, a concorrência é a melhor arma em prol do consumidor. Porque, quanto mais gente tiver vendendo produto, mais difícil fica para você promover repasses”.

O economista observou que, em alguns locais, o pão funciona como um chamariz para o consumidor que vai comprar o pão francês e acaba levando outras coisas “que, de fato, são as que interessam para os estabelecimentos venderem, porque passam maior margem de lucro”.

Os outros itens que são fabricados com a mesma matéria-prima tiveram acréscimos de preço mais fortes. É o caso da torrada, considerada a grande vilã no período pesquisado, que subiu 10,67%, acima da inflação média, “mostrando que teve aumento real, que pesa mais no bolso”. Em relação aos pães industrializados, que englobam pães de outros tipos e pão de forma, os aumentos apurados em 12 meses pela FGV alcançaram, respectivamente, 6,43% e 7,69%.

 

Edição: Aécio Amado