Presidentes de partidos de oposição criticam decisão do PT de proibir coligação em eleições majoritárias

05/09/2011 - 21h50

Iolando Lourenço e Mariana Jungmann
Repórteres da Agência Brasil

Brasília – A proibição de formar chapas majoritárias com o PPS, PSDB e DEM, aprovada no 4º Congresso do PT, no último fim de semana, recebeu críticas, mas também foi interpretada como um recado político à presidenta Dilma Rousseff entre os presidentes das três legendas de oposição.

Para o presidente nacional do DEM, senador José Agripino Maia (RN), os integrantes do PT mandaram um recado para a presidenta Dilma Rousseff. “Eu acho que eles quiseram, com isso, constranger a presidente Dilma, que dava todos os sinais de aproximação com Fernando Henrique Cardoso, com o [o governador de São Paulo Geraldo] Alckmin, com o PSDB”, avaliou Agripino.

Na opinião de Agripino, o PT está questionando o poder de liderança da presidenta. “Eles fizeram isso com ela presente para dizer 'você aqui não é líder'. Foi um recado”, completou o presidente do DEM.

Já no PPS, que, por anos, foi aliado PT, tendo inclusive participado do início do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a decisão causou irritação. O presidente do partido, deputado Roberto Freire (SP), lembrou que as duas agremiações ainda têm coligações pontuais em alguns municípios. “É um sinal de arrogância equivocado do PT. Em alguns municípios, temos alianças que combatem velhos coronéis oligárquicos e até grileiros”, disse Freire.

Ele também considerou que o PT deverá se explicar para a sociedade sobre porque está mudando de lado. “Se o PT prefere fazer alianças com eles [coronéis e grileiros] e não conosco, eles que se expliquem. O PPS não faz nenhuma opção por essas forças que o PT está fazendo”, concluiu o deputado.

O presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), disse que não entendeu a decisão do PT. “É uma decisão esquizofrênica”, declarou. “Por que tanta conversa para tomar uma decisão? Por que pode a coligação na [eleição] proporcional [para vereadores e deputados] e não pode na majoritária [prefeitos, governadores, senadores e presidente]?”, perguntou.

Guerra ressaltou ainda que o PSDB não tem intenção de fazer coligação com o partido da presidenta da República. “Nós queremos é combatê-lo”, disse. O presidente do PSDB não soube informar se existe alguma coligação entre os dois partidos em municípios.

Já o líder do governo na Câmara dos Deputados, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), defendeu seu partido e disse que não há mudanças na postura do partido. “Eu acho que a nova política de alianças é um fato adiante na formulação do nosso partido. Primeiro, porque já estamos governando o país há nove anos e estamos praticando uma política de alianças no governo. É natural que essa política de alianças se reproduza no Parlamento e no processo eleitoral”, avaliou.

Para Vaccarezza, o partido foi coerente com seu posicionamento ideológico e com as alianças que têm firmado para dar sustentação ao governo da presidenta Dilma. “Porque se você faz uma aliança para governar, é porque você pode fazer uma aliança para ganhar o governo. A política anterior do PT, que já era ampla, falava de uma aliança de centro-esquerda, com prioridade para os partidos de esquerda. Hoje, nós falamos de uma política de centro-esquerda que envolve todos os partidos da base de sustentação do governo da presidenta Dilma”, esclareceu.

Nesse fim de semana, 1.350 delegados do PT, que representam todos os filiados do partido, reuniram-se em Brasília, para deliberar sobre a reforma estatutária e divulgar uma resolução política. Junto com as mudanças no estatuto, eles incluíram o dispositivo que proíbe aos diretórios de todo o país que façam coligações com os três partidos de oposição nas eleições majoritárias.

Edição: Lana Cristina